Durante a Cúpula Virtual do Brics nesta segunda-feira (8), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez duras críticas à crise de governança internacional, ao avanço de medidas unilaterais e, ao mesmo tempo, o enfraquecimento das instituições multilaterais. Segundo Lula, os pilares do sistema global criado após a Segunda Guerra Mundial estão sendo destruídos por práticas que violam o direito internacional, como por exemplo, intervenções em assuntos internos de outros países.
Lula destacou os avanços recentes do Brics, especialmente os resultados da Cúpula do Rio de Janeiro, como a aprovação de medidas em áreas como clima, saúde, inteligência artificial e integração econômica.
“Nossos países se tornaram vítimas de práticas comerciais injustificadas e ilegais. A chantagem tarifária está sendo normalizada como instrumento para conquista de mercados e para interferir em questões domésticas”, disse Lula.
No entanto, o presidente alertou que o mundo vive um momento de “instabilidade crescente” e que cabe ao bloco mostrar que “a cooperação supera qualquer forma de rivalidade”. Lula ainda ressaltou que os países do Brics reúnem condições únicas para liderar uma reforma nas regras de comércio global e para impulsionar uma industrialização verde, com geração de empregos e desenvolvimento tecnológico.
Política internacional
Ao tratar da política internacional, Lula defendeu o diálogo como caminho para a solução do conflito na Ucrânia, saudando os avanços promovidos pelo encontro no Alasca e pelas iniciativas diplomáticas lideradas por China e Brasil.
Em relação à Palestina, condenou com veemência as ações de Israel na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, classificando-as como “genocídio em curso”. O Brasil, segundo o presidente, decidiu integrar a ação da África do Sul na Corte Internacional de Justiça e levará o compromisso com a Solução de Dois Estados à Conferência sobre a Questão Palestina.
“A decisão de Israel de assumir o controle da Faixa de Gaza e a ameaça de anexação da Cisjordânia requer nossa mais firme condenação. É urgente colocar fim ao genocídio em curso e suspender as ações militares nos territórios palestinos”, afirmou.
Ao abordar a situação na América Latina, reafirmou o compromisso da região com a paz e criticou a presença de forças militares estrangeiras no Caribe, classificando-a como “incompatível com a vocação pacífica da região”.
O presidente encerrou sua fala reforçando o convite para a COP30, que será realizada em Belém, e apresentou a ideia do Fundo Florestas Tropicais para Sempre.