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Lula critica ditador Daniel Ortega e pede novas eleições na Venezuela

País centro-americano expulsou embaixador brasileiro após ele não comparecer ao aniversário da revolução sandinista
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a reunião com o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e deputados no Palácio do Planalto. Foto: Ricardo Stuckert/PR
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a reunião com o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e deputados no Palácio do Planalto. Foto: Ricardo Stuckert/PR

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender novas eleições na Venezuela e também criticou o ditador da Nicarágua, Daniel Ortega, que rompeu relações diplomáticas com o Brasil, durante uma reunião com líderes da Câmara na noite de segunda-feira (26). Ele leu para os deputados a carta que escreveu junto com o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, sobre a situação venezuelana. Logo depois, disse que, se fosse Nicolás Maduro, convocaria novas eleições no país. O petista destacou que o chavista ainda tem tempo para fazer isso.

Ao citar Ortega, Lula afirmou que não ir a um evento não é motivo para retaliação. A Nicarágua anunciou no início de agosto a expulsão do então embaixador brasileiro no país, Breno Dias da Costa, após ele deixar de comparecer ao aniversário de 45 anos da revolução sandinista. Ainda sobre o país centro-americano, o presidente brasileiro fez uma comparação e disse que seria a mesma coisa que o Brasil expulsar embaixadores que não comparecessem às celebrações do 7 de setembro.

Ortega, que já foi aliado de Lula, chamou de “vergonhosa” a posição do petista sobre as eleições na Venezuela e o acusou de querer ser o “representante dos ianques” na América Latina, em referência aos Estados Unidos. A fala ocorreu nesta segunda-feira, em videoconferência da cúpula da Aliança Bolivariana para os Povos da América.

No último sábado (24), Lula e Petro divulgaram uma carta em que voltaram a cobrar a entrega das atas eleitorais da Venezuela para a conferência dos votos. Tanto Maduro quanto a oposição, representada nas urnas por Edmundo González, declararam vitória na disputa que ocorreu no fim de julho. Nem o Brasil, nem a Colômbia reconheceram qualquer resultado.

Novas eleições
Em 15 de agosto, Lula defendeu pela primeira vez em público novas eleições na Venezuela, o que é rechaçado por Maduro e pela oposição. No dia seguinte, o petista disse que o país latino-americano vive um “regime muito desagradável”. Para o presidente brasileiro, os venezuelanos não estão em uma ditadura, mas em um governo com “viés autoritário”.

Entre presentes na reunião, há uma avaliação de que o trecho dedicado à Venezuela e à Nicarágua foi um dos gestos de Lula para reforçar aos deputados que está aberto a ouvir e acolher pontos de vista divergentes aos que o seu partido e o seu campo político defendem. Diferentemente do governo, o PT reconheceu a vitória de Maduro assim que o órgão eleitoral do país anunciou o resultado.

A reunião com os líderes da Câmara fez parte de uma estratégia do governo para se aproximar da base aliada após o desconforto provocado pela decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de suspender a execução das emendas parlamentares até que o Congresso dê transparência e rastreabilidade aos repasses de recursos. Deputados acreditam que o Planalto esteja por trás da ofensiva sobre as emendas.