Discretos, jovens e talentosos. Assim são Luisa Stefani e Rafael Matos, que devem concentrar as atenções dos fãs brasileiros de tênis, ao lado de Beatriz Haddad Maia, neste e nos próximos anos. **No Aberto da Austrália, Luisa e Rafael estão confirmando a grande fase que vivem e os frutos de um trabalho intenso nas últimas temporadas.** Naturalmente, **já se tornaram esperança de medalha para o Brasil na Olimpíada de Paris**, no próximo ano.
Nesta quinta-feira (25), às 22h (de Brasília), **eles vão disputar a primeira final de Grand Slam de suas carreiras como profissionais.** Na decisão das duplas mistas em Melbourne, terão pela frente os experientes indianos Sania Mirza, de 36 anos, e Rohan Bopanna, de 42. **Será a primeira final com uma dupla totalmente brasileira desde que Cláudia Monteiro e Cássio Motta foram vice-campeões em Roland Garros, em 1982.**
Da dupla finalista na Austrália, **Luisa tem mais experiência em grandes eventos, apesar de ser pouco mais jovem que Rafael.** Ela tem 25 e ele, 27 anos. **A paulista foi medalhista de bronze nas duplas femininas, ao lado de Laura Pigossi, na Olimpíada de Tóquio, em 2021.** No mesmo ano, o melhor de sua carreira até agora, conquistou títulos de peso, como o WTA 1000 de Montreal. Em 2022, levantou o troféu em Guadalajara em competição do mesmo nível.
**Entre uma conquista e outra, Luisa foi do céu ao inferno em poucas semanas em 2021.** No embalo do bronze olímpico, se destacou no circuito nos meses seguintes e alcançou a semifinal de duplas femininas no US Open. Era favorita a alcançar a final, que seria a sua primeira em um Grand Slam. Mas **uma lesão durante aquela partida atrasou o sonho** e a deixou fora de quadra por um ano.
O retorno aconteceu em setembro de 2022. E, sem pensar mais na grave lesão no joelho, ela retomou o caminho de conquistas. **O Aberto da Austrália deste ano tinha tudo para confirmar sua nova ascensão, nas duplas femininas.** Mas outro imprevisto adiou o objetivo. Sua parceira em Melbourne, a americana Caty McNally, desistiu da competição sem maiores justificativas. Luisa sequer estreou nas duplas femininas. Ela, então, concentrou suas forças nas duplas mistas.
**Ao lado de Rafael, Luisa vem mostrando consistência incomum nas duplas mistas.** Isso porque esta chave aparece em raros torneios ao longo da temporada, basicamente nos quatro Grand Slam e em Jogos Olímpicos. Falta, então, tempo para treinos e maior entrosamento. **Para o Aberto da Austrália, eles contaram com uma novidade no circuito.** A United Cup, disputada como preparação para o primeiro Major do ano, “resolveu” esse problema.
**Na equipe brasileira, Luisa e Rafael jogaram juntos duas vezes e não decepcionaram. Já somam seis partidas, ainda sem derrotas.** “Ajuda muito ter alguém do nível da Luisa no lado e nós sempre nos apoiamos. Quando um está oscilando, o outro aparece para dar o suporte dentro e fora da quadra”, comentou Matos, ao fim da partida de quarta-feira.
**Rafael também faz parte do processo de renovação do tênis brasileiro, principalmente nas duplas.** Nos últimos anos, deixaram o circuito referências como André Sá e Bruno Soares. Mas o gaúcho de Porto Alegre já vinha mostrando resultados antes mesmo da aposentadoria de Soares. Assim como Sá, Marcelo Melo e o próprio Soares, **Rafael Matos optou pela dedicação exclusiva às duplas nos últimos anos.** No início, tentou carreira em simples e se aventurou em torneios de beach tennis. Mas a perfeita adaptação aconteceu mesmo nas duplas.
**A rapidez no raciocínio, pré-requisito inegociável na dinâmica dos jogos de duplas, e a “munheca” habilidosa fizeram Matos se destacar desde o início da pandemia.** Não por acaso ele treina com especialistas em duplas, caso de Franco Ferreiro, na academia ADK, em Itajaí, no litoral catarinense.
**A parceria com Ferreiro, brasileiro que se destacou nas duplas, começou em janeiro do ano passado.** Desde então, o gaúcho de longos cabelos loiros e olhos azuis esteve em sete finais de nível ATP, com cinco títulos. **Seu principal parceiro é o espanhol David Vega Hernández.** Mas já levantou troféu também com Felipe Meligeni. No total, soma seis títulos, o maior deles de nível ATP 500.
**Em Grand Slams, Matos ainda não brilhou o que pode.** Até agora seu melhor resultado foram as quartas de final em Roland Garros, no ano passado, logo em sua primeira participação como profissional. **Porém, ele tem currículo no juvenil.** Foi vice-campeão de duplas no US Open, ao lado de João Menezes, campeão pan-americano em Lima-2019. Hoje, **Matos é o número 1 do Brasil nas duplas e no 29º posto geral**. Já foi o 27º. **Luisa, por sua vez, esteve no Top 10 antes de sofrer a lesão no joelho.** Atualmente é a 34ª do ranking da WTA.
Além da habilidade nas duplas, **os dois brasileiros têm em comum a personalidade mais retraída.** Ambos são discretos e mais voltados à vida familiar e aos amigos, em detrimento da badalação. E se colocam como a nova geração a brilhar no tênis brasileiro nas duplas, como fizeram seus antecessores.
**Na Austrália, eles tentam repetir os feitos de Maria Esther Bueno, Bruno Soares e Tiago Fernandez, campeão como juvenil.** Somente eles levantaram troféus no Grand Slam disputado em Melbourne. O Brasil não celebra um título de Grand Slam desde 2020, quando Soares foi campeão nas duplas masculinas no US Open.