No mundo, aproximadamente 10% das mulheres sofrem com o lipedema, doença caracterizada pelo acúmulo anormal de gordura subcutânea, geralmente nas pernas, quadris e, em menor grau, nos braços. No Brasil, dados da Secretaria de Saúde de São Paulo apontam que a condição atinge 12,3% das mulheres brasileiras, sendo que cerca de dez milhões delas não sabem que possuem o problema.
Um dos grandes desafios da doença é o difícil diagnóstico, que é frequentemente confundido com o de obesidade. Apesar de as duas condições apresentarem o sobrepeso no paciente, o lipedema se diferencia pelo fato de que o acúmulo de gordura aparece em regiões específicas do corpo, raramente atingindo os pés, as mãos e o rosto.
Vale ressaltar que o lipedema não surge por conta do excesso de peso; na verdade, as causas da doença ainda são desconhecidas. No entanto, especialistas acreditam que seja uma condição genética e hereditária. Os principais sintomas são dor, aumento do volume dos membros, hematomas frequentes e dificuldades de mobilidade, que geralmente surgem após uma grande mudança nos níveis dos hormônios femininos.
Além dos desafios físicos, a doença tem um grande impacto na autoestima do paciente, podendo desenvolver quadros de ansiedade e depressão. Por isso, a conscientização e o diagnóstico correto são passos essenciais para garantir qualidade de vida de quem sofre com a condição.
Atualmente, a abordagem mais eficaz para tratar o lipedema envolve uma equipe multidisciplinar, que considera as necessidades específicas de cada paciente, que vão desde terapia hormonal, dietas e procedimentos estéticos, até, em casos mais avançados, cirurgia.
Porém, levando em conta a qualidade de vida dos pacientes, um recente estudo conduzido pela Sociedade Italiana de Ciências Motoras e Esportivas, em parceria com a Sociedade Italiana de Flebologia, identificou que a prática de exercícios físicos tem um importante papel no alívio dos sintomas da doença.
De acordo com a pesquisa, os efeitos benéficos são:
- ajuste da eficiência das mitocôndrias, que são responsáveis por produzir energia nas células, o que contribui para um metabolismo celular saudável;
- modulação de parâmetros metabólicos;
- ativação da AMPK (enzima que atua como um “sensor energético” nas células, sendo ativada em situações em que há baixos níveis de energia);
- atividade anti-inflamatória;
- atividade antioxidante;
- melhora da vascularização (aumentando a perfusão e oxigenação do tecido); e
- aumento da drenagem linfática e do fluxo venoso.
Atividades aquáticas, como natação e hidroginástica, treinamentos de fortalecimento muscular e exercícios posturais, para melhorar o alinhamento corporal, podem reduzir as dores causadas pela doença e prevenir o agravamento dos sintomas. Além disso, outras práticas são:
- treinamento de marcha, para facilitar a mobilidade;
- reeducação neuromuscular, que melhorar o controle e a coordenação muscular, além de aliviar a dor; e
- respiração profunda abdominal, para ajudar na circulação e tensão muscular.