Você já ficou nervoso só de estar incomunicável? As mãos tremem e suam, a ansiedade de “estar perdendo tempo” vem, e de repente o silêncio parece maior. Quando volta a ter acesso à internet e ao mundo digital como um todo, percebe que não perdeu muita coisa, que nem era tudo isso, e aí vem a frustração. Isso tem nome. **Nomofobia**.
O **GPS|Lifetime** trouxe a neuropsicóloga do **Instituto de Psicologia Aplicada e Formação de Portugal (Ipaf)**, **Juliana Gebrim**, para falar do assunto um pouco melhor.
>”O uso desordenado da tecnologia pode desencadear nos indivíduos diversos problemas de ordem física, emocional, comportamental e psicossocial. Em relação ao uso dos telefones celulares, não é diferente. Na psicologia, chamamos de “_no mobile phone phobia_”, ou simplesmente “**nomofobia**”, o medo patológico que as pessoas têm diante da impossibilidade ou incapacidade de comunicar-se pelo celular, pelo computador ou pela internet, ou seja, de permanecer em contato com a tecnologia”, explica a neuropsicóloga Juliana Gebrim. “Apesar de o uso do computador ou do telefone celular ser diário e por várias horas, não se configura como dependência patológica. Então, geralmente detectamos comportamentos de vícios a partir do momento em que a frequência e a intensidade são constantes: a frequência seria todos os dias, e a intensidade, horas por dia. Para a dependência ser considerada patológica, é preciso estar acompanhada de uma inadequação e apresentar sintomas específicos”, completa Gebrim.
![Terapia (Foto: Priscilla Du Preez/Unsplash/Reprodução)](https://gpslifetime.blob.core.windows.net/medias/landing-page/Reproducao_daae2e2195.jpg)
Justamente por ser uma fobia, a **nomofobia** é quase sempre um sintoma de um transtorno maior, não uma causa. Entre os mais comuns, estão: transtorno do pânico, fobia social, e ansiedade social. Além disso, o que a diferencia como dependência é justamente as reações da falta do uso prolongado, e não esse uso em si.
“Vale ressaltar que o transtorno da nomofobia é quase sempre desencadeante de um outro transtorno, e não a causa. Esses podem ser: transtorno do pânico, fobia social, ansiedade social, impulsividade, alta introversão, alta extroversão, senso de urgência e busca de sensações. Por isso, é tão importante a identificação do momento exato em que o uso do celular deixou de ser regular e passou a ser abusivo”, relembra Gebrim.
![Desabafos (Foto: Chris Montgomery/Unsplash/Reprodução)](https://gpslifetime.blob.core.windows.net/medias/landing-page/Reproducao_af1ada90b5.jpg)
**Entre os sintomas nomofóbicos, estão:**
– Angústia
– Ansiedade
– Nervosismo
– Tremores
– Vazio existencial
– Desespero
– Estresse
– Irritabilidade
– Náuseas
– Taquicardia
– Tensão muscular
– Pânico
– Dores no corpo
– Lesão por esforço repetitivo (LER)
– Má postura
– Relações interpessoais prejudicadas
>”É uma espécie de apego que vira compulsão, uma necessidade descontrolada de estar perto dos aparelhos tecnológicos, que pode causar aflição e ansiedade quando não é possível se conectar à internet. Os principais indícios do transtorno, chamados de sintomas nomofóbicos, são angústia, ansiedade, nervosismo, tremores, vazio existencial, desespero, estresse, irritabilidade, náuseas, taquicardia, tensão muscular, pânico, entre outras manifestações que estão relacionadas à impossibilidade de uso imediato do telefone celular. Além disso, o indivíduo também costuma apresentar sintomas físicos (dores no corpo, lesão por esforço repetitivo, má postura etc.) e perdas emocionais nas relações familiares”, ressalta a neuropsicóloga Gebrim.
![Homem vai à terapia (Foto: Nik Shuliahin/Unsplash/Reprodução)](https://gpslifetime.blob.core.windows.net/medias/landing-page/Reproducao_5c74b33f75.jpg)
Para fechar o diagnóstico, é preciso do acompanhamento de um profissional de Saúde, em geral da área de psiquiatria e/ou psicologia. Os sintomas serão analisados e as causas identificadas, para então iniciarem o tratamento.
>”O diagnóstico do transtorno deve ser feito por um profissional da área de saúde, psiquiatra ou psicólogo, que vai analisar os sintomas do paciente identificando as causas e a sua relação com outros problemas, como depressão, ansiedade e transtornos psiquiátricos. Para você perceber que precisa de ajuda e que pode estar com o transtorno, a dica é analisar se você apresenta alguns comportamentos característicos de quem tem nomofobia, como o hábito impulsivo de carregar muitas vezes o celular para garantir que ele não descarregue, acordar de madrugada para olhar o celular, irritabilidade quando esquece o celular em casa ao ponto de, muitas vezes, precisar voltar para prosseguir com suas atividades, sempre ficar agoniado ou ansioso quando está longe do celular, entre outros”, afirma Gebrim. “O principal tratamento para as fobias, inclusive a nomofobia, é a terapia, cujo objetivo é a compreensão da raiz do vício e a conscientização para uma mudança nos hábitos de consumo do aparelho. Alguns casos mais avançados também são tratados com medicamentos indicados pelo psiquiatra”, completa.