A compra da casa própria segue sendo um desejo para grande parte dos brasileiros, mas a concretização desse objetivo tem se tornado cada vez mais difícil, especialmente para os mais jovens.
De acordo com a pesquisa Ipsos Housing Monitor 2025, 73% da população tem a intenção de adquirir um imóvel, porém 62% dos jovens acreditam que não conseguirão realizar essa conquista.
O estudo revela que o aumento nos preços dos imóveis e as taxas de juros elevadas são os principais entraves. Segundo o levantamento, 69% dos entrevistados perceberam uma alta nos valores das propriedades no último ano, e 68% acreditam que essa tendência continuará no futuro próximo.
Com o custo da moradia em ascensão, o aluguel tem sido a principal solução para uma parcela significativa da população. O estudo indica que 76% dos inquilinos gostariam de comprar um imóvel, mas 36% acreditam que nunca terão condição financeira para isso.
Para o especialista em mercado imobiliário Heitor Kuser, a locação é uma opção cada vez mais considerada.
“Todo mundo precisa de um lugar para morar, e a locação facilita a mudança de bairros, cidades e até países”, explica.
Kuser também aponta uma mudança na mentalidade das novas gerações em relação à aquisição de um imóvel.
“Antigamente, a casa própria era vista como uma necessidade. Hoje, muitos jovens enxergam isso como uma possibilidade que depende do estilo de vida e do momento profissional. Além disso, assumir um financiamento de décadas não faz sentido para quem ainda está construindo a carreira”, destaca.
O analista e consultor do setor imobiliário Daniel Claudino reforça que a dificuldade está ligada à perda do poder de compra.
“O aumento dos salários não acompanhou a valorização dos imóveis. Em algumas regiões, como o Plano Piloto, no Distrito Federal, o aluguel de um apartamento pode custar R$ 3 mil, enquanto a parcela de um financiamento para um imóvel similar, com entrada de 20% a 30%, pode chegar a aproximadamente R$ 9 mil”, compara.
Critérios na escolha do imóvel
A localização é um dos principais fatores considerados na compra de um imóvel. De acordo com a pesquisa, 44% dos brasileiros priorizam esse critério, seguido pela segurança, que foi apontada por 38% dos entrevistados.
“A preocupação com a segurança aumentou significativamente nas últimas décadas. Atualmente, a criminalidade é um fator decisivo para a escolha da moradia, o que impacta diretamente os empreendimentos imobiliários”, avalia Kuser.
O levantamento também mostrou que a maioria dos brasileiros ainda prefere morar em centros urbanos. Do total de entrevistados, 31% optariam por viver em casas dentro das cidades, enquanto 29% escolheriam apartamentos bem localizados.
O interesse por áreas rurais permanece baixo, com apenas 11% demonstrando intenção de morar fora dos grandes centros.
Tendências
A projeção para os próximos anos indica um crescimento significativo do mercado de aluguel no Brasil. Segundo Heitor Kuser, o segmento deve se expandir com investimentos de grandes empresas na construção de imóveis projetados para locação.
“Esse modelo oferece mais praticidade e serviços adicionais aos moradores, o que pode atrair especialmente os jovens que buscam flexibilidade e evitam compromissos financeiros de longo prazo”, aponta.