De acordo com a BBC, Luiz Augusto Márcio Marques, conhecido como Guto, enfrenta um desafio incomum desde a infância. Aos 7 anos, em Passo Fundo (RS), ele começou a sofrer fortes dores de cabeça, sendo posteriormente diagnosticado com craniofaringioma, um tumor cerebral extremamente raro e agressivo que afeta apenas um em cada milhão de pessoas.
O tratamento foi uma cirurgia arriscada aos 8 anos, com o objetivo de remover parte do tumor. No entanto, essa intervenção poderia ter graves consequências, incluindo perda da fala, visão, mobilidade e até mesmo afetar seu crescimento.
Guto foi afetado de forma rara e parou de envelhecer fisicamente, aparentando ter cerca de 12 anos. Ele relatou à BBC News Brasil que, durante sua infância, visitou vários médicos que não conseguiram diagnosticá-lo corretamente, atribuindo suas dores de cabeça a problemas psicológicos, preguiça ou até mesmo uma simples virose.
Apenas após uma convulsão e atendimento hospitalar, quando criança, Guto recebeu o diagnóstico de craniofaringioma. Os médicos informaram à sua tia que a cirurgia era arriscada, mas era a única opção para evitar que ele morresse em poucos dias. O acúmulo de líquido no cérebro, devido à falta de troca do líquor, causava intensas dores ao jovem.
Após a cirurgia, Guto enfrentou um período de isolamento, sendo monitorado de perto para verificar se ele teria convulsões, conseguiria falar, enxergar e mover as pernas. Embora os exames indicassem uma recuperação aparentemente normal, a retirada do tumor afetou sua hipófise, uma glândula essencial para a produção do hormônio do crescimento.
Os médicos descobriram que Guto pararia de crescer, mas não tinham certeza de quando isso ocorreria. No final, seu crescimento físico foi interrompido aos 12 anos. Os médicos conseguiram remover apenas 20% do tumor devido à sua localização delicada, e Guto passou por mais duas cirurgias para implantar dispositivos para drenar o líquor e realizar quimioterapia.
Hoje, aos 23 anos, Guto lembra que enfrentou longas e intensas sessões de quimioterapia, mas optou por não induzir o hormônio do crescimento devido ao risco de o tumor se desenvolver novamente. Ao longo dos anos, ele passou por um processo difícil de aceitação de sua aparência jovial, enfrentando momentos de revolta e isolamento.
Com o apoio da família, Guto encontrou a tranquilidade e a aceitação, e hoje vive uma vida plena ao lado de sua tia e primo. Atualmente, Guto sonha em se tornar um fotógrafo profissional.