Advocacia é servir, não ser servido. O fundador e CEO da TODDE Advogados, João Paulo Todde, lembra-se dessa frase todos os dias ao acordar, colocar o terno e se preparar para mais um dia de labuta. Quando está em Brasília – sua atuação lhe rende muitas viagens –, gosta de acordar antes das 5h, preparar o café da manhã para esposa e filhos e ter um agradável momento em família na varanda de casa. É a recarga de energias e a motivação perfeita para encarar o que quer que sua rotina demande dali para frente, seja um almoço de negócios, um caso espinhoso ou uma ida ao aeroporto.
Todde define sua família como pedra fundamental de sua trajetória e a motivação para perseguir a evolução profissional. Sua mãe, uma ex-funcionária pública, criou o advogado e seus três irmãos com bastante luta, especialmente depois de o marido falecer. Foi ela a catalisadora para Todde ingressar no Direito, com o discurso de que ele precisava cursar algo que lhe abrisse portas na vida.
“Eu era um idealista que queria fazer paleontologia ou arqueologia, mas minha mãe me compeliu a ser advogado, porque não queria que eu tivesse dificuldades financeiras. Quando decidi seguir a vontade dela, mantive esse pensamento e fui pesquisar as áreas mais rentáveis e de menor trauma emocional. Foi quando optei me especializar no direito tributário. Eu era determinado a ser o melhor da área, a estar no panteão dos maiores tributaristas. E tenho marcos que comprovam que minhas metas foram alcançadas”, revela, sincero.
E, em 15 anos de atuação, o advogado pode se dar ao luxo de ostentar algumas grandes conquistas. A TODDE Advogados foi pioneira na compra de vacinas contra Covid durante a pandemia. A firma também se tornou notória por ter atuado na primeira importação oficial de canabidiol ao Brasil, destinada a uma criança que sofria mais de setenta ataques epiléticos ao dia. Ela ainda ajudou no reconhecimento da primeira união estável de casal homoafetivo no País.
O escritório foi o primeiro a desenvolver uma recuperação estruturada tributária de uma empresa pública federal, a Dataprev, com o diferencial de aplicar uma metodologia especial desenvolvida no doutorado de Todde. “Isso alçou minha atuação e reconhecimento profissional em nível nacional e internacional, gerando uma comenda de melhor fornecedor tributário de 2014 e recuperando mais de R$ 1 bilhão”, orgulha-se.
Em 2021, ainda foi indicado a cônsul honorário da República Dominicana e é atual presidente da Câmara de Comércio Brasil-República Dominicana, da qual também é fundador.
Com tantos bons exemplos, porém, um nunca sai de sua cabeça: justamente seu primeiro caso. Todde conta que o cliente era um empresário que já havia sido muito próspero, porém não vivia seus melhores dias e, pior, fora acusado de sonegação fiscal e fraude. Foram horas, dias, semanas de escrutínio minucioso em calhamaços de documentos e planilhas até o advogado chegar a uma conclusão agridoce: a pessoa que defendia não era criminosa, apenas havia gerido mal seus negócios. “Com esse caso, aprendi habilidades como negociação, firmeza nos posicionamentos e oralidade”, diz.
Além da lição valiosa, o sucesso em inocentar seu cliente das acusações lhe rendeu indicação para o caso seguinte, que catapultou de vez sua carreira, por envolver um grande banco privado que operava no País.
Para dentro de si
Os títulos acadêmicos – Todde é Ph.D e professor de Direito – e os méritos no trabalho, todavia, são apenas algumas das facetas da vida do advogado, que se diverte ao analisar o impacto da sua especialidade na sociedade. Para ele, o Direito Tributário não é para todos.
Não que não seja importante, mas porque, mesmo em sua forma mais básica, mostra-se como uma arte complexa e, por vezes, burocrática demais para um leigo. “É uma estrutura perniciosa”, define. Assim, essa parte deve ser destinada a um contador ou qualquer outro tipo de especialista e estudioso do assunto.
Para Todde, é importante o cidadão ser livre e exercer conhecimentos na filosofia, retórica e saber a base da Constituição Federal. Esse tripé, ele defende, tem capacidade de transformar a vida das pessoas e seus entendimentos sobre o dia a dia. “E como isso se relaciona ao Direito?”, alguém pode perguntar. De jeito nenhum, mas também de todas as formas.
O empresário aponta que o Todde idealista e sonhador do início de sua carreira, há 15 anos, era também um cético em vários aspectos. O hoje CEO da TODDE Advogados admite que perdeu a ingenuidade, mas garante que o amadurecimento o fez ter mais fé nas pessoas, no que ele chama de “verdadeira face do ser humano”. “Causa após causa, eu comecei a ter uma percepção que não tinha antes: a maioria das pessoas são boas e querem o que é bom, justo e valioso”, defende.
De certa maneira, é isso o que o contrato social do grande filósofo Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) defendia sobre a essência do homem e, dentre outras razões, é por isso que essa libertação da alma e do conhecimento são coisas caras a Todde. A advocacia não existe por si só e nem está desprendida das outras artes. Ela se retroalimenta delas.
Tanta elucubração pode passar impressão de que ele é uma pessoa centrada demais no próprio mundo. Mas, mesmo ficando longos períodos longe de casa, de sua Maria Fernanda e de seus filhos, Todde prefere quando as coisas não orbitam somente ao redor dele. Ao ser perguntado sobre uma viagem dos sonhos, não titubeou: “Viajar com a minha família é sempre um sonho”, conclui.
@toddeadv
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*Matéria escrita por Eric Zambon para a revista GPS 38