No domingo (29), Simon Porte Jacquemus retornou ao Palácio de Versalhes para apresentar sua nova coleção, intitulada “Le Paysan”, na icônica Orangerie do castelo. O espaço, tradicionalmente destinado ao cultivo e proteção de árvores frutíferas, se transformou em cenário para uma homenagem à infância do estilista no sul da França.
Descrita como uma “carta de amor” às raízes rurais de Simon e àqueles que marcaram sua trajetória, a coleção propõe uma celebração sensível da memória, da imaginação e da moda enquanto extensão das experiências vividas. Em “Le Paysan”, o cotidiano é elevado à categoria de poesia — dos álbuns de família repletos de fotos de colheitas às lembranças da avó vestindo-se com esmero para o domingo.
Alfaiataria desconstruída e espírito provençal
A primavera-verão 2026 da Jacquemus passeia por volumes fluidos e silhuetas reinterpretadas: aventais em tule invertido, jaquetas com mangas estruturadas, blusas com decote embutido e corsets de alfaiataria são apenas alguns dos destaques. Os tecidos evocam a estética campestre: popeline estampada com padrões de toalhas de mesa antigas, bordados únicos de nomes familiares, ráfia trançada que remete a verões mediterrâneos.
Um dos looks mais emblemáticos é um vestido de tule construído com 700 metros de cordão, envolto por um manto de mousseline de seda com motivos florais. A coleção também traz elementos de artesanato tradicional, como pulseiras em forma de frutas e legumes, brincos com ovos de codorna e acessórios com ilustrações botânicas.
Uma coleção pessoal
Mais do que um desfile, “Le Paysan” funciona como extensão do universo íntimo de Simon: os personagens de Marcel Pagnol ganham vida em casacos de couro e calças largas, os cadernos de Van Gogh se materializam em estampas, e a mãe do estilista inspira a nova bolsa “Le Valérie”.
O desfile foi encerrado com a sensação de que o camponês (figura central da narrativa)pode encontrar-se tanto nos campos da Provence quanto nos salões de Versalhes. Como afirma o comunicado da marca, “a realização de ‘Le Paysan’ é a prova de que um garoto criado no campo pode encontrar seu lugar em Versalhes — e que a realidade, quando sonhada, pode chegar a qualquer lugar.”