O Ministério das Relações Exteriores (MRE) rebateu as acusações de antissemitismo atribuídas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelo ministro da Defesa e ex-chanceler israelense, Israel Katz. O Itamaraty classificou as falas do integrante de Tel Avivi como “ofensas, inverdades e grosserias inaceitáveis contra o Brasil e o presidente Lula”.
Em nota, o governo sobe o tom contra o ex-chanceler israelense e cobra que o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu “apure a verdade sobre o ataque contra o hospital Nasser, em Gaza”. A ofensiva israelense resultou na morte de 20 civis, entre palestinos, pacientes hospitalares e jornalistas.
“Espera-se do sr. Katz, em vez de habituais mentiras e agressões, que assuma responsabilidade e apure a verdade sobre o ataque de ontem contra o hospital Nasser, em Gaza, que provocou a morte de ao menos 20 palestinos, incluindo pacientes, jornalistas e trabalhadores humanitários”, diz o posicionamento.
Ainda na manifestação, o Itamaraty afirma que as operações militares israelenses em Gaza já resultaram na morte de 62.744 palestinos, dos quais um terço são mulheres e crianças, e em uma “política de fome como arma de guerra imposta à população palestina”.
“Israel encontra-se sob investigação da Corte Internacional de Justiça por plausível violação da Convenção para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio. Como Ministro da Defesa, o senhor Katz não pode se eximir de sua responsabilidade, cabendo-lhe assegurar que seu país não apenas previna, mas também impeça a prática de genocídio contra os palestinos”, completa o MRE.
Veja a publicação:
O Ministro da Defesa e ex-chanceler israelense, Israel Katz, voltou a proferir ofensas, inverdades e grosserias inaceitáveis contra o Brasil e o Presidente Lula.
— Itamaraty Brasil 🇧🇷 (@ItamaratyGovBr) August 26, 2025
Crise diplomática
Nesta terça-feira, Katz afirmou que Lula é um “apoiador do Hamas” e associou o presidente brasileiro ao líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei. Ele ainda chamou o petista de “antissemita declarado”.
“Agora, ele [Lula] revelou sua verdadeira face como antissemita declarado e apoiador do Hamas ao retirar o Brasil da IHRA –o organismo internacional criado para combater o antissemitismo e o ódio contra Israel– colocando o país ao lado de regimes como o Irã, que nega abertamente o Holocausto e ameaça destruir o Estado de Israel. Como Ministro da Defesa de Israel, afirmo: saberemos nos defender contra o eixo do mal do islamismo radical, mesmo sem a ajuda de Lula e seus aliados”, disse Katz.
No mesmo dia, o governo israelense decidiu retirar a indicação do diplomata Gali Dagan do posto de embaixador israelense no Brasil. O nome foi indicado em janeiro, mas o governo brasileiro ainda não deu sinalização sobre a disposição em autorizá-lo.
Israel e Brasil vivem uma crise diplomática em escalada desde o início da guerra entre Tel Aviv e o grupo terrorista do Hamas, em 7 de outubro. Em fevereiro de 2024, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou Netanyahu e acabou declarado “persona non grata” em Israel.
Poucos meses depois, em maio, o governo brasileiro retirou seu embaixador e ainda não indicou um novo nome para o posto. Questionado, o Itamaraty não comentou a decisão israelense.