O Ministério das Relações Exteriores convocou novamente nesta quarta-feira (9), Gabriel Escobar, encarregado de negócios dos Estados Unidos para explicar as novas tarifas impostas pelo presidente Donald Trump. É a segunda vez que Escobar vai até o Ministério, antes da publicação da carta que anunciou a alíquota de 50%.
O Itamaraty pediu que Gabriel confirmasse a autenticidade da carta. Após fazê-lo, o Ministério afirmou que o conteúdo do documento é uma ofensa, contendo declarações falsas sobre o Brasil e erros factuais sobre a relação comercial bilateral.]
Confira, na íntegra, a carta do governo americano:
9 de julho de 2025
Sua Excelência Luiz Inácio Lula da Silva Presidente da República Federativa do Brasil Brasília
Prezado Senhor Presidente:
Eu conheci e lidei com o ex-presidente Jair Bolsonaro, e o respeitei muito, assim como a maioria dos outros líderes mundiais. A forma como o Brasil tratou o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, incluindo pelos Estados Unidos, é uma desgraça internacional. Este julgamento não deve ocorrer. É uma caça às bruxas que deve terminar imediatamente!
Isto se deve, em parte, aos ataques insidiosos do Brasil às eleições livres e ao fundamental direito de liberdade de expressão dos americanos (como ilustrado recentemente pela Suprema Corte Brasileira, que emitiu centenas de ordens secretas e ilegais de censura a plataformas de mídia social dos EUA, ameaçando-as com milhões de dólares em multas e expulsão do mercado de mídia social brasileiro), a partir de 1º de agosto de 2025, cobraremos do Brasil uma tarifa de 50% sobre quaisquer e todos os produtos brasileiros enviados para os Estados Unidos, separadamente de todas as tarifas setoriais. Produtos transacionados para evadir esta tarifa de 50% estarão sujeitos a uma tarifa mais alta.
Além disso, tivemos anos de discussões sobre nossa relação comercial com o Brasil, e concluímos que devemos nos afastar da injusta e muito desleal relação comercial gerada pelas tarifas, políticas e barreiras comerciais não-tarifárias do Brasil. Nosso relacionamento tem sido, infelizmente, muito longe de ser recíproco.
Entenda que o número de 50% é muito inferior ao necessário para ter o campo de jogo nivelado que devemos ter com seu país. E é necessário que isso retifique as graves injustiças do atual regime. Como você sabe, não haverá tarifa se o Brasil, ou empresas dentro de seu país, decidirem construir ou fabricar produtos dentro dos Estados Unidos e, de fato, faremos todo o possível para que as aprovações sejam rápidas, profissionais e rotineiras — em outras palavras, em questão de semanas.
Se por alguma razão você decidir aumentar suas tarifas, então, qualquer que seja o número que você escolher para aumentá-las, será adicionado aos 50% que cobramos. Por favor, entenda que estas tarifas são necessárias para corrigir os muitos anos das políticas tarifárias e não-tarifárias e barreiras comerciais do Brasil, que causam esses déficits comerciais insustentáveis contra os Estados Unidos. Este déficit é uma grande ameaça à nossa economia e, de fato, à nossa segurança nacional! Além disso, devido aos ataques contínuos do Brasil às atividades de comércio digital de empresas americanas, bem como a outras práticas comerciais injustas, estou instruindo o representante comercial dos Estados Unidos, Jamieson Greer, a iniciar imediatamente uma investigação da seção 301 do Brasil.
Se você desejar abrir seus mercados comerciais até então fechados para os Estados Unidos, e eliminar suas políticas tarifárias e não-tarifárias, e barreiras comerciais, nós, talvez, consideraremos um ajuste a esta carta. Estas tarifas poderão ser modificadas, para cima ou para baixo, dependendo de nosso relacionamento com seu país. Você nunca ficará desapontado com os Estados Unidos da América.
Obrigado pela sua atenção a este assunto!
Com os melhores votos, eu sou,
Atenciosamente,
DONALD J. TRUMP PRESIDENTE DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA”