O Ministério da Cultura de Israel anunciou nesta quarta-feira (17) que deixará de financiar a Academia Israelense de Cinema e sua principal premiação, o Ophir Awards, após a escolha de O Mar como Melhor Filme de 2025. A decisão veio na esteira de uma cerimônia marcada por críticas ao governo e à guerra em Gaza, além do conteúdo do filme vencedor, que retrata o cotidiano de um garoto palestino na Cisjordânia ocupada.
Dirigido por Shai Carmeli Pollak e produzido por Baher Agbariya, O Mar acompanha a jornada de um menino de 13 anos, vindo de Ramallah, cujo maior sonho é ver o oceano — algo praticamente inalcançável sob as restrições de mobilidade impostas à população palestina. O protagonista é vivido por Muhammad Ghazawi, que se tornou o ator mais jovem a vencer o prêmio de Melhor Ator na história do Ophir.
Durante a cerimônia realizada em Tel Aviv nesta semana, vários artistas pediram o fim da guerra em Gaza e criticaram abertamente o governo. Tanto as declarações, como a própria escolha do filme como vencedor geraram forte reação das autoridades israelenses.
Em comunicado oficial, o Ministério da Cultura classificou a cerimônia como uma vergonha nacional e afirmou que O Mar “apresenta a perspectiva palestina e retrata os soldados das Forças de Defesa de Israel e o Estado de Israel de forma negativa”.
“A cerimônia foi uma cusparada na cara dos cidadãos israelenses. O fato de o filme vencedor retratar nossos heroicos soldados de forma difamatória e falsa enquanto lutam e arriscam suas vidas para nos proteger não surpreende mais ninguém“, disse o ministro da Cultura, Miki Zohar.
Zohar anunciou ainda a criação de uma nova premiação nacional de cinema, batizada de “Oscar do Estado Israelense”, voltada a produções que, segundo ele, “refletem os valores e o espírito da nação”.
A Academia Israelense de Cinema e Televisão respondeu às críticas. “O processo de seleção é conduzido por membros da academia, criadores, cineastas e figuras culturais, que escolhem o melhor do cinema israelense com um compromisso com a liberdade artística, liberdade de expressão e diversidade de vozes”, declarou em nota.
O Mar está cotado para representar Israel na corrida pelo Oscar de Melhor Filme Internacional em 2026.