Irmãos Brazão prometeram loteamento e milícia ao executor de Marielle e Anderson

Ronnie Lessa admitiu o crime e voltou a implicar os irmãos Brazão. Foto: Reprodução/TV Globo

A contrapartida para a proposta dos irmãos Brazão, de matar a vereadora Marielle Franco em pleno exercício de seu mandato era um loteamento nas imediações da Rua Comandante Luís Souto, Tanque, Rio de Janeiro. A promessa de recompensa pelo homicídio foi detalhada pelo ex-PM Ronnie Lessa, que ainda apontou à Polícia Federal o “maior atrativo da iniciativa”: a exploração dos serviços típicos de milícia decorrentes da ocupação dos loteamentos, como exploração de “gatonet”, gás e transporte alternativo, segundo os investigadores.

Os detalhes constam do relatório da Polícia Federal que resultou na prisão dos irmãos Brazão neste domingo (24), assim como a detenção de Rivaldo Barbosa, ex-chefe de Polícia Civil do Rio. Segundo a Polícia Federal, a “torpeza” das condutas dos executores de Marielle e Anderson está diretamente ligada à promessa de recompensa: “a implementação e o comando de um grupo paramilitar em uma grande extensão de terras vinculada à família Brazão”.

“Ronnie Lessa narrou que receberia, juntamente com Macalé, uma grande extensão de terras que os Irmãos Brazão estavam planejando invadir para promover o parcelamento do solo para posterior revenda dos lotes. Ressaltou que, pelas dimensões das terras, se tratava de uma empreitada milionária. Contudo, asseverou que o maior atrativo da iniciativa residia na exploração dos serviços típicos de milícia decorrentes da ocupação dos loteamentos, como exploração de “gatonet”, gás, transporte alternativo, dentre outros, pelos quais o colaborador e seu comparsa seriam os responsáveis”, anotou a PF, ao pedir a abertura da Operação Murder Inc.

Ainda de acordo com o delator, a implementação da infraestrutura e urbanização da área seria Major Ronald, empreiteiro de construções irregulares em áreas de milícia, notadamente Rio das Pedras. Segundo a PF, Lessa queria “uma área para chamar de sua e explorá-la economicamente sem ter que abaixar a cabeça para outras lideranças”. Apesar de atuar em atividades de milícia há pelo menos dez anos, o delator “não tinha um reduto onde pudesse dar as cartas'”, diz a investigação.

“A promessa de recompensa materializada pelos Irmãos Brazão era a oportunidade que ele precisava para colocar isso em prática. Ademais, essa sanha para ser alçado ao patamar do Capitão Adriano se alastrou para a tentativa de tentar se consolidar no cenário da contravenção carioca, oportunidade na qual se reaproximou de Rogério de Andrade, notório contraventor da Zona Oeste do Rio”, completa a investigação.

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