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Investigação da PF põe a Polícia Civil no centro do assassinato de Marielle e Anderson

Segundo a Polícia Federal, há evidências claras de obstrução criminal, originadas na Delegacia de Homicídios do Rio
A investigação da PF coloca a Polícia Civil do Rio de Janeiro como alvo
A investigação da PF coloca a Polícia Civil do Rio de Janeiro como alvo. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

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A investigação da Polícia Federal (PF) que apura o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes aponta evidências claras de obstrução criminal às investigações, originadas dentro da própria Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro.

O inquérito aponta que a investigação foi sabotada desde o início, “mediante ajuste prévio dos autores intelectuais com o então responsável pela apuração de todos os homicídios ocorridos no Rio de Janeiro”, o delegado e Rivaldo Barbosa, ex-chefe de Polícia Civil do Rio. O advogado Alexandre Dumans, que representa o ex-chefe da Polícia Civil do Rio, nega a participação dele no crime.

A PF aponta que os policiais foram negligentes em quatro situações na investigação: na hora de recolher as imagens das câmeras de segurança do local do crime; com o desaparecimento do celular apreendido do suposto responsável por clonar o veículo usado na execução; na ausência de informações substanciais acerca da busca e apreensão realizada em empresa de sócio dos Brazão; e o no bojo da Operação Nevoeiro, que teria sido sabotada para “proteger contraventores”.

Além do delegado, o deputado federal Chiquinho Brazão (União Brasil) e o irmão dele, o conselheiro do Tribunal de Contas do Rio Domingos Brazão, também foram presos preventivamente pela Polícia Federal, suspeito de serem os mandantes dos assassinatos. A prisão ocorreu nesta manhã na operação Murder Inc., deflagrada de forma conjunta por PF, Procuradoria-Geral da República (PGR) e Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ).

A operação investiga os crimes de organização criminosa e obstrução de Justiça na investigação. As informações são parte do relatório da PF que investiga o assassinato da vereadora carioca e de seu motorista, e que teve o sigilo levantado na tarde deste domingo (24), pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

A nomeação de Giniton Lages como titular da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) na manhã após o crime, feita por Rivaldo, é outra “coincidência” apontada no inquérito da PF, especialmente dada a relação de confiança prévia entre os dois.

“Ou seja, os trabalhos de sabotagem se iniciaram no momento mais sensível da apuração do crime, as horas de ouro, o que ensejou a perda de elementos de convicção importantes para a sua resolução a contento como, por exemplo, a captação das imagens dos circuitos internos de televisão dos imóveis adjacentes ao local do crime”, aponta o relatório.

A investigação ainda aponta para o fato do crime ter ocorrido um dia após a posse de Rivaldo na função de Chefe da Polícia, elencando se tratar de “coincidência, ou não”.

Outro trecho do relatório mostra que Rivaldo arquitetou o crime, fixando a exigência de que o assassinato não poderia ocorrer quando a vereadora estivesse a caminho da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, para não ser considerado um crime político e, consequentemente, alvo de investigação da PF. Se isso ocorresse, ele “perderia o pleno controle da apuração que lhe envolvia”, diz o relatório.

No documento, os investigadores dizem que Rivaldo “planejou meticulosamente” o crime. “Se mostra indubitável a conclusão de que Rivaldo Barbosa instalou na diretoria de divisão de homicídios um verdadeiro balcão de negócios destinado a negociatas que envolviam a omissão deliberada ou o direcionamento de investigações para pessoas que se sabiam inocentes. Para tanto, Rivaldo fez negócio com contraventores, milicianos e, como se vê no caso em tela, políticos, no afã de se locupletar financeira e politicamente”, afirmam os investigadores.

 

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