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Internet dos anos 2010 pode Levar um Oscar neste domingo com ‘Vidas Passadas’

Se você é millenial, provavelmente passou pela experiência de reencontrar amigos de infância ou adolescência no Facebook (ou quem sabe até no Orkut) após anos sem contato, seja por uma mudança de endereço, escola ou por uma separação involuntária causada pelo destino.

Vidas Passadas, que concorre ao Oscar de melhor filme no domingo (10), tem como ponto central de sua história essa reconexão por meio do Facebook no início da década de 2010, quando a plataforma ainda tinha um grande enfoque social e estava longe de escândalos políticos e éticos.

O drama romântico explora três momentos da vida de Na Young e Hae Sung, dois indivíduos millenials que se separam após uma forte amizade na infância, em Seoul, na Coreia do Sul. Aos 12 anos, Na Young imigra com sua família para Toronto, no Canadá, onde assume o nome de Nora Moon, perdendo o contato com Hae Sung e se ocidentalizando.

Doze anos se passam e Nora, agora uma escritora com 24 anos de idade morando em Nova York, se depara com um post de Hae Sung no Facebook em busca de sua amiga de infância, Na Young, sem saber sobre sua mudança de nome. Surpresa por reencontrar o amigo esquecido, Nora o adiciona na rede social, voltando a manter contato com Hae Sung, desta vez online, à distância. A partir daqui, a internet do começo dos anos 2010 brilha e vira quase personagem central, com os personagens mantendo uma relação à distância mediada por telas.

Um dos méritos do filme é sua atenção aos detalhes na recriação das tecnologias sociais e o uso de dispositivos eletrônicos no início dos anos 2010. Sem recorrer ao clichê dos chats flutuantes em interfaces genéricas, a diretora Celine Song optou por reproduzir as interações digitais nas próprias telas dos aparelhos, como um MacBook Air, da personagem Nora, e o celular Samsung ‘de botão’ de Hae, que ainda contava com as funções ‘voltar’ e ‘home’ como botões físicos no próprio dispositivo.

O cuidado da equipe foi tamanho que se atentaram em reproduzir as interfaces, logotipos e efeitos sonoros usados na época pelo Google, Facebook e Skype. A internet lenta e instável, o que era bastante comum naquele momento, com as redes móveis 3G, também está representada no filme, como momentos em que o diálogo entre os personagens é interrompido subitamente devido a uma falha de conexão.

O filme também aborda o esforço que a personagem Nora precisa fazer para escrever mensagens em coreano a Hae, usando um teclado de padrão norte-americano. Para auxiliá-la, ela escreve em uma folha de papel os caracteres do alfabeto coreano correspondentes às teclas do teclado QWERTY.

O retrato poético que ‘Vidas Passadas’ faz da tecnologia e seu impacto nos destinos individuais, reconectando pessoas em diferentes contextos e momentos de suas vidas, foi inspirado pela própria jornada pessoal da diretora e roteirista Celine Song.

‘Vidas Passadas’ está em cartaz nos cinemas. A cerimônia de premiação do Oscar, na qual o filme concorre nas categorias de Melhor Filme e Melhor Roteiro Original, acontece neste domingo (10), a partir das 20h (horário de Brasília).

Por Henrique Sampaio

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