No mundo digital, onde a atenção é disputada a cada segundo, o poder da influência se tornou uma ferramenta essencial para marcas e personalidades. Aqueles que sabem construir autoridade e conexão com seu público conseguem moldar opiniões, impulsionar tendências e transformar seguidores em consumidores fiéis. Com uma personalidade autêntica, Lara Akel conheceu de perto o poder da influência, atingindo grandes feitos através de sua produção de conteúdo mesmo sem ter uma quantidade expressiva de seguidores.
Natural de Araxá, Minas Gerais, e se dividindo atualmente entre os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, a jovem influenciadora de 24 anos sempre teve um talento natural para a comunicação. Filha de pais separados, Lara desde cedo precisou aprender a se expressar bem, fosse para conversar nas sessões de terapia ou para viajar sozinha para visitar familiares.
“Por ser uma menor desacompanhada, eu tinha que falar com a aeromoça e com as pessoas da companhia aérea e no começo, eu era muito introvertida e na terapia isso me ajudou muito a ser mais comunicativa e eu tinha que ser, pra explicar quem vinha me buscar e se era a pessoa certa”, cometa Lara sobre como começou sua habilidade para a comunicação.
Segundo a influenciadora, a vontade de ser blogueira sempre existiu, mas na cidade onde morava, era algo visto como uma coisa cafona, o que a deixava com um pé atrás em relação a investir e tentar seguir os caminhos digitais. “Aquela menina que postava vídeo no YouTube e tentava ser blogueira e não tinha parcerias, não era algo legal. Pelo menos, na minha escola as pessoas zoavam, eu achava um absurdo isso e defendia, mas eu também tinha um pouco vergonha”, comenta Lara sobre como o meio digital era visto.
Com personalidade forte, aos 16 anos a influenciadora decidiu deixar a vergonha e o medo dos julgamentos de lado e começou a gravar stories. Na época, a influenciadora estava morando em Araraquara com a mãe e logo começou a conseguir parcerias de serviços com um salão de beleza. “Aos poucos, as coisas foram acontecendo. Quando me mudei para São Paulo eu brincava de ser blogueira, mas não era algo que eu assumia como uma profissão, eu fechava um trabalho aqui, outro ali… até o momento que contratei uma pessoa para cuidar dos meus contratos”, explica a influenciadora sobre o início da carreira.
Em busca de maturidade e experiências, Lara decidiu cursar faculdade de administração e entrar para o mercado financeiro. “Eu tinha uma pessoa na minha vida que me incentiva muito a ir para esse lado de mercado, foi quando entrei para o C6. Eu entrei sabendo que não era aquilo que queria para minha vida, mas que isso ia me trazer uma boa bagagem. Minha área de atuação envolvia comunicação e prospecção e eu cheguei a ser destaque, a minha captação era muito e depois tive um pouco de dificuldade em sair da minha zona de conforto”, diz Lara.
Aos 21 anos, Lara decidiu que era o momento de investir na carreira de influenciadora digital. “Eu sempre fui muito boa para fazer network e me considero uma pessoa bem relacionada. Quando decidi ser influenciadora, eu entrei para uma agência que foi muito importante nessa profissionalização, mas muitos dos meus trabalhos vem da minha rede de contatos e o trabalho em conjunto traz um resultado legal”, comenta Akel.
Influência e relacionamento
A influenciadora Lara Akel construiu sua carreira baseada em relacionamentos e networking estratégico. Para ela, a linha entre o profissional e o pessoal muitas vezes se mistura, o que contribui para fortalecer sua presença no mercado. “Eu criei um relacionamento pessoal, eu acho que acabo misturando um pouco o trabalho com o pessoal e faço relacionamentos com todas as pessoas que me envolvo”, explica. Essa proximidade com as marcas e pessoas do meio impulsionou sua trajetória, abrindo portas para novas oportunidades, como sua participação no Carnaval com a Rimowa, no Copacabana Palace.
A percepção de sua influência veio com o reconhecimento de profissionais do setor. “A minha ficha começou a cair quando um amigo que entende muito do mercado veio falar para mim. Ele sempre elogiou o quanto eu era bem relacionada, o quanto eu conseguia tudo”, conta Lara. A partir desse momento, grandes marcas começaram a procurá-la não apenas para divulgar produtos, mas também para eventos exclusivos, onde sua rede de contatos era um ativo valioso.
Além do papel de influenciadora, Lara exerce, mesmo sem assumir, uma função estratégica de relações públicas. “Eu acho que acabo atuando de duas formas, como influenciadora e como RP”, reflete. Apesar de não se considerar oficialmente uma RP, ela admite sua habilidade em criar conexões e facilitar interações no mercado. “Eu confesso que sou muito essa pessoa, faço muitas conexões”, afirma. Esse diferencial a tornou uma peça-chave no universo das influências, chamando atenção para o seu posicionamento pessoal e sua força de conversão para as empresas com as quais colabora.
Comunidade engajada
Com um público engajado, a influenciadora acredita que cumpriu a missão de construir uma comunidade baseada na conexão genuína. Para ela, a chave do sucesso está na proximidade e na confiança que criou com suas seguidoras. “Eu sempre gostei muito de ser essa pessoa que conecta uma na outra, que faz o bem, mas eu não gosto de misturar isso porque eu quero ser vista como influenciadora”, explica a influenciadora. Essa abordagem a ajudou a fidelizar sua audiência, tornando-a referência em conversão para marcas.
A percepção de seu impacto veio quando decidiu criar um Instagram privado, voltado para um conteúdo mais íntimo e próximo de suas seguidoras. “A ficha caiu quando eu concentrei toda essa comunidade no Instagram, com 24 mil meninas que são literalmente 24 mil meninas que respondem tudo o que eu falo e compram com meu cupom”, conta Lara. A influência real sobre seu público se reflete diretamente nas vendas, como no caso do Cafellow, marca de café de uma amiga, para a qual Lara vende cerca de 60 cupons por mês.
Diferente de influenciadores com milhões de seguidores que cobram valores exorbitantes, Lara vê sua influência como um investimento estratégico para as empresas. “Eu não sou aquela influenciadora de 1 milhão que cobra R$ 600.000, sabe? É um investimento bom para a marca”, destaca. O diferencial, segundo ela, está na proximidade com sua comunidade, que vai além de números e impressões. “Não é sobre você ser vista por 800 mil pessoas, e sim sobre você vender para 3.000 ou 4.000 que realmente estão ali engajadas”, afirma.
Para Lara, a grande sacada do seu sucesso é a vulnerabilidade. Mostrar a realidade de sua vida, com altos e baixos, cria identificação e fortalece os laços com suas seguidoras. “As pessoas conhecem a Lara nas coisas boas e nas ruins. Eu mostro como minha vida é legal, mas também como passo por desafios”, diz. Segundo ela, os momentos de maior conexão não acontecem quando compartilha viagens incríveis ou eventos exclusivos, mas sim quando divide sentimentos pessoais. “A hora que eu mais gero identificação não é quando estou em um evento incrível, mas quando eu falo sobre meu pai, quando eu digo que estou triste ou enfrento um desafio”, explica a influenciadora.
Desafios na produção de conteúdo e criatividade
Entre os principais desafios da profissão, Lara destaca a dificuldade inicial de lidar com marcas que tentavam impor um discurso rígido e pouco autêntico. “No começo do meu trabalho, eu via marcas muito engessadas querendo se envolver comigo e falar exatamente como eu deveria me posicionar. Isso não foi legal”, conta. Com o tempo, aprendeu a estabelecer limites e priorizar parcerias alinhadas com seus valores. “Eu prefiro perder a publicidade do que fazer algo que não me identifico. Já recusei campanhas que não davam match comigo”, afirma.
Outro desafio foi enfrentar situações desconfortáveis ao criar conteúdo em lojas físicas. “Uma vez, fui fazer um provador e a vendedora me maltratou. Me senti um lixo”, relembra. Segundo ela, algumas vendedoras enxergam influenciadores como um incômodo e não dão a devida atenção. “Ela sabia que eu não ia comprar nada, então simplesmente me ignorou”, desabafa. Apesar de episódios como esse, Lara acredita que a profissão exige resiliência e que sua conexão com o público é o que realmente importa.
Sobre a responsabilidade que vem com a influência, Lara afirma que encara seu trabalho com seriedade e compromisso. “Eu não sou aquela pessoa que se desliga no fim de semana. Eu realmente digo mais não do que sim para garantir que tudo o que eu faço tenha propósito”, diz. Para ela, ser influenciadora vai além de apenas compartilhar moda e beleza. “Eu quero impactar muita gente e isso envolve abdicar de certas coisas, evoluir como pessoa e transmitir bons valores”, destaca.
Além de inspirar suas seguidoras no universo fashion, Lara busca agregar conhecimento e reflexões sobre diversos aspectos da vida. “Gosto de dar dicas sobre relacionamento, autoestima e bem-estar. Quero que as pessoas gostem não só dos meus looks, mas da forma como eu vejo a vida”, explica. O retorno do público reforça essa conexão. “Recebo mensagens de pessoas dizendo que se inspiraram em mim para treinar, para ir à igreja, para se cuidar mais. Isso me motiva a continuar”, comenta a influenciadora.
Novos projetos e conselhos para quem deseja seguir na carreira de influenciadora
Se reinventando todos os dias, além de criar conteúdos para suas redes sociais, a influenciadora se prepara para um novo desafio: a cobertura dos principais eventos de moda pela In Vogue. “Eu vou estar presente nos melhores eventos, como o Fashion Week, para mostrar os bastidores e compartilhar essa experiência com meus seguidores”, revelou.
Além da moda, Lara busca constantemente formas de se conectar com seu público. Mensalmente, ela desenvolve iniciativas para fortalecer essa relação. “Gosto de inventar coisas para fazer com minhas seguidoras, seja eventos presenciais, treinos em grupo ou até mesmo presentear as mais dedicadas do Gym Rats com roupas de academia”, explicou. Essa proximidade também se reflete nos conteúdos diversificados que publica, incluindo podcasts e vídeos mais pessoais. “Quero que conheçam a Lara 360, por isso compartilho desde momentos importantes, como minha crisma, até pequenas descobertas do dia a dia”, afirmou.
Para quem deseja se destacar na carreira de influenciadora, Lara reforça a importância da autenticidade. “Parece clichê, mas o segredo é ser a sua essência. Aquilo que você pode ver como um desafio pode, na verdade, ser o que mais aproxima as pessoas de você”, destacou. Ela também enfatiza a necessidade de manter um ambiente digital saudável. “Eu silencio qualquer perfil que me cause comparação ou gatilho. Quero que minhas redes sejam um espaço de inspiração e autoconhecimento”, contou.
Equilibrar a autenticidade com as demandas do mercado publicitário é um desafio constante. Lara explica que busca unir tendências ao seu estilo pessoal. “Ano passado, a inteligência artificial e vídeos em 3D estavam em alta, então incorporei esses elementos às campanhas de forma criativa. Este ano, por exemplo, com o marrom como cor tendência, sugeri à Offner criar looks inspirados nos bolos da marca”, exemplificou.
Seu processo criativo, segundo ela, está diretamente ligado à introspecção. “Preciso de momentos de solitude para que minhas ideias fluam. Além disso, mantenho viva a minha criança interior, ouvindo músicas da infância, pintando livros e lendo sobre autoconhecimento”, revelou a influenciadora.
Sobre o futuro, Lara pretende consolidar sua presença no universo da moda. “Quero estar cada vez mais envolvida nas fashion weeks e continuar produzindo conteúdos com propósito. Não se trata apenas de estar presente nesses eventos, mas de realmente ter algo a agregar”, disse, Akel.