A inadimplência nos contratos de aluguel no Distrito Federal atingiu 2,79% em dezembro de 2024, o maior patamar registrado no segundo semestre do ano, conforme dados do Índice de Inadimplência Locatícia da Superlógica. O número representa um aumento de 0,53 ponto percentual em relação a novembro, quando o índice foi de 2,26%.
Segundo Heitor Kuser, CEO do CIMI360 e especialista em mercado imobiliário, o aumento da inadimplência está diretamente relacionado a fatores econômicos, como a inflação persistente, os juros elevados e os gastos sazonais típicos do fim de ano.
“A inflação e os juros altos pressionam o orçamento das famílias, especialmente em épocas de gastos sazonais, como o fim de ano e o início do ano letivo”, explica.
O especialista também destaca que o aumento das taxas de condomínio, que subiram 8,9% em 2024, contribuiu significativamente para o cenário de inadimplência.
“O custo de vida elevado e a alta dos preços dos serviços essenciais deixam menos margem para o pagamento do aluguel”, afirma.
DF entre os menores índices do país
Apesar do aumento recente, o Distrito Federal ainda figura entre as regiões com menor taxa de inadimplência no Brasil. O índice do DF é superado apenas pela Região Sul, que registrou 2,73%. Em contraste, o Norte lidera com 7,05%, seguido pelo Nordeste, com 5,02%.
Kuser atribui essa diferença à resiliência econômica do DF e à difusão de garantias locatícias, como o seguro-fiança, que protegem os proprietários contra inadimplências.
“No DF, há uma cultura de aceitação de garantias que reduz os riscos para os proprietários, o que ajuda a manter a inadimplência em patamares mais baixos”, diz.
No Centro-Oeste, a taxa média de inadimplência é de 3,67%, refletindo desafios econômicos, mas ainda inferior aos índices das regiões Norte e Nordeste.
“O DF e o Sul têm uma estrutura econômica mais sólida, o que ajuda a mitigar os efeitos da crise”, completa Kuser.
Alerta para o início do ano
O especialista alerta que a inadimplência pode continuar a crescer nos primeiros meses de 2025, impulsionada por despesas típicas do período, como material escolar e outros custos relacionados ao início do ano letivo.
“Janeiro e fevereiro são meses críticos, com muitas famílias priorizando os gastos com educação e outras necessidades imediatas”, afirma.
Para conter o avanço da inadimplência, Kuser sugere a adoção de políticas públicas que promovam o equilíbrio financeiro das famílias, como a redução de juros e incentivos fiscais para locatários.
“É preciso criar mecanismos que ajudem as famílias a equilibrar suas finanças, especialmente em períodos de alta inflação e juros elevados”, conclui.