Em contramão ao movimento do mercado, onde grandes casas são incorporadas a conglomerados de luxo, Giorgio Armani se manteve independente. Resistiu a propostas de aquisição de todos os grandes grupos de luxo, da LVMH à Gucci. Esse é só um exemplo da singularidade de um dos maiores nomes da alfaiataria.
Ao atravessar as décadas, já que estava prestes a completar 50 anos de história com a maison homônima, desenvolveu um império em diferentes vertentes: moda masculina, moda feminina, alta costura, beleza, fragrâncias, óculos, relógios, hotéis, restaurantes e até música.
Como presidente, CEO e diretor criativo do grupo, o designer italiano permaneceu à frente da casa até os 91 anos, quando morreu, nesta quinta-feira (4). Lenda na alfaiataria moderna, Armani ocupa a 231ª posição do ranking mundial de bilionários da revista Forbes. O levantamento aponta que ele teria acumulado um patrimônio líquido de US$ 12,1 bilhões.
Sua visão culminou na criação da Fundação Giorgio Armani em 2016, garantindo o futuro da marca e seus valores para as gerações futuras.
Como reflexo de um gosto exigente e da inteligência emocional, o estilista foi pioneiro de um tipo de linguagem da moda: lânguida, luxuosa e intensamente moderna. Seus ternos desconstruídos libertaram homens e mulheres de roupas rígidas e superestruturadas, inaugurando uma era de alfaiataria sensual que personificava a estética power soft dos anos 1980.
Quando Armani vestiu Richard Gere em Gigolô Americano, em 1980, foi um momento que redefiniu a masculinidade em Hollywood. Daquele momento em diante, ele se tornou o embaixador da moda no red carpet ao vestir estrelas como Diane Keaton, Michelle Pfeiffer, Sophia Loren, Robert De Niro, Cate Blanchett, Tom Cruise, George Clooney e Jodie Foster — algo que nenhum outro estilista tinha conquistado na época.
Para completar, era conhecido por aparecer sem avisar nos sets, o que provocava avisos sussurrados de Sta arrivando. Armani era exigente, mas não por ego; era uma extensão de cuidado com seu nome, sua arte e seu povo.
Ao longo das décadas, o impacto de Armani seguiu se expandindo. Ele lançou a Armani Casa (2000), o Armani Hotel dentro do Burj Khalifa, em Dubai (2010), e deixou uma marca permanente em Milão com a criação do Armani/Silos, seu espaço de exposição de quatro andares inaugurado para o 40º aniversário da marca, em 2015.
Giorgio foi um dos primeiros defensores da reforma na indústria, manifestando-se contra padrões de beleza pouco saudáveis e banindo modelos com IMC menor que 18, após a morte de uma modelo com quem havia trabalhado. Muito antes de bem-estar virar moda, ele já o praticava.