Em um discurso repleto de críticas à gestão federal, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), voltou seus ataques ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e à primeira-dama, Janja da Silva. Segundo Ibaneis, o presidente chegou a um ponto de desgaste tão grande com a população, especialmente a mais carente, que tem se movimentado apenas por pressão, para tentar evitar o que ele classificou como um “fim de mandato marcado pela rejeição histórica”.
“O que ele teve nos dois primeiros mandatos, não tem demonstrado agora. E, com as pesquisas mostrando uma situação ruim, principalmente entre os mais pobres, ele tenta se mexer. Mas está precisando fazer bem mais”, afirmou o governador.
Ibaneis também comparou o papel da esposa, Maiara Noronha, ao de outras primeiras-damas do Brasil. Sem citar Janja diretamente em alguns momentos, ele insinuou que falta à atual primeira-dama uma atuação mais efetiva nas causas sociais. “Eu não vi ainda nenhuma cena dela com a população mais carente, tocando programas. A Michelle [Bolsonaro], por exemplo, tinha projetos voltados para surdos, crianças em situação de vulnerabilidade, primeira infância… Ela se conectava com esse público”, pontuou.
Ao elogiar a atuação de sua própria esposa, Ibaneis destacou que Maiara lidera projetos sociais, organiza campanhas de arrecadação e já distribuiu mais de 80 toneladas de alimentos a famílias carentes. “Ela participa de todos os eventos sociais, marca todas as datas, faz campanhas. Isso é papel de uma primeira-dama. Tem que interferir o mínimo nas decisões de governo, mas estar próxima do povo”, disse.
A fala do governador reforça uma crítica cada vez mais comum nos bastidores políticos: a percepção de que Janja tem uma presença marcante na agenda institucional, mas ainda pouco visível entre as ações sociais voltadas à base eleitoral de Lula. Ibaneis, por outro lado, evita ataques diretos à figura da primeira-dama.
“Não estou aqui para falar da mulher. Estou falando do trabalho que vejo ser feito, ou não, na prática”, concluiu.
A avaliação do governador ocorre em meio ao aumento da desaprovação ao governo federal e à crescente tensão entre o Planalto e lideranças regionais. A fala de Ibaneis sugere que o embate político em torno da sucessão presidencial já começou, e que o papel das primeiras-damas também será posto em debate.