No século 18 o jardim, de oito hectares, que hoje é cuidado por 70 funcionários exclusivos, começava a ser projetado em homenagem ao casamento do príncipe Al Mamoun. O presente foi do pai, o sultão alauita Mohammed Ben Abdellah, que fez questão de desenhar cada detalhe do espaço por amor ao filho. A história perpetuou-se com o nome do hotel que viria a ocupar 13 hectares desse terreno, o La Mamouni, inaugurado em 1923, três anos após o início de sua construção, em Marrakesh, no Marrocos.
O espaço é um exemplo da arquitetura árabe e cumpre o seu papel mesmo após 100 anos de vida: ser um hotel luxuoso e palco dos mais diferentes eventos, além de casa de repouso da alta sociedade mundial. Já passaram por lá figuras como Julio Iglesias, Elton John, os Rolling Stones, Nelson Mandela e Tom Cruise.
Talvez o mais ilustre hóspede, inclusive que nomeia um dos bares do espaço, tenha sido o ex-primeiro ministro britânico Winston Churchill. O político passou diversos invernos no hotel a partir dos anos 1940. Aproveitava para descansar e praticar um de seus hábitos favoritos: a pintura. Por lá, pintou as montanhas da Cordilheira do Atlas, possíveis de se ver da, então, varanda do quarto dele.
O ilustre hotel fica ainda, como é possível ver na pintura de Churchill, a 800 metros da medina Marrakesh. Murada, como é característica desse tipo de cidade, a principal porta de entrada dá na praça Jemaa el-Fn. Marrakesh é considerada uma das quatro capitais reais do país africano. A proximidade com a mesquita Koutoubia também encanta, sendo essa construída ainda no século 12 e, atualmente, a maior da cidade e uma das mais belas do mundo.
A construção do La Mamouni iniciou-se em 1920 e teve como responsável a Companhia Nacional dos Caminhos de Ferro — atualmente a empresa estatal é a acionista majoritária. Os primeiros arquitetos a projetarem o espaço foram Henri Prost e Antoine Marchisio, ao longo de seus 100 anos de funcionamento, no entanto, muito se transformou. Jacques Majorelle renovou parte do espaço em 1940; André Paccard, no fim dos anos 1980; Alberto Pinto, nos anos 1990; Jacques Garcia entre 2006 e 2009 e, por fim, o duo Patrick Jouin e Sanjit Manku em 2020. Esse últimos estabeleceram o contemporâneo em meio aos anos de história do espaço.
Entre mudanças internas e externas, muito do hotel original expandiu. Atualmente, o La Mamouni oferece 135 quartos e suítes, todos a partir de 28 m², além de três riads exclusivos, que são palacetes para hóspedes vips. Os riads são uma espécie de vila, bem típicas em Marrocos. A arquitetura traz fachadas para o exterior, com uma construção interna em volta de um pátio central, que possui 700 m². Há, ainda, uma piscina privativa e três quartos.
No palacete central, a maior parte das acomodações possuem terraços com vista para os jardins, os picos nevados da Cordilheira do Atlas ou para o minarete de Koutoubia. O interior é cuidadosamente decorado com tradicionais obras de artes marroquinas, como os mosaicos zelliges, as madeiras entalhadas e pintadas tazouaqt. A ornamentação em stucco, compõe o quarto, além de mármores, veludos, flores frescas e camas king-size.
Como um bom hotel que se renova, mas sem perder as suas essências, o La Mamouni traz mudanças para esses 100 anos de existência. É o que conta anuncia o diretor-geral do hotel, Pierre Jochem:
“Além do passado prestigioso, da localização imbatível no coração de Marrakech e, depois, da primeira fase de renovação assinada pelo célebre escritório Jouin Manku, o La Mamounia está passando agora pela renovação dos espaços públicos que serão inaugurados durante as festividades do centenário, em outubro de 2023”, conta. “Nosso desafio é manter a autenticidade da herança do hotel ao mesmo tempo que responder às necessidades e expectativas de uma clientela mais jovem. No quesito sustentabilidade, por exemplo, temos o projeto de um sistema de tratamento de águas residuais que tornará o La Mamounia autossuficiente na irrigação dos jardins”, complementa.
Os espaços do La Mamouni
A diversidade de atividades que o La Mamouni oferece também é o que atrai os hóspedes. No spa/hamman, que fica no subsolo, além de todos os serviços de cuidado e relaxamento oferecidos, o espaço conta com produtos de Augustinus Bader, o médico que é conhecido pela sua medicina regenerativa e pesquisa com células-tronco.
Para comer, há quatro opções bem diversas, um restaurante especializado em comida asiática, outro em italiana e, claro, o terceiro em marroquina. No pavilhão da piscina, é servido um variado café da manhã e brunch al fresco.
Para quem procura bebidas diferentes, diversas opções estão disponíveis para os hóspedes: dois salões de chá, na L’Oenothèque; a adega, que abre para jantares harmonizados privativos; os dois bares abertos durante todo o dia, a partir das 11h, o Bar de la Piscine e o Bar Majorelle; e, à noite, o Club ou o intimista Churchill. O penúltimo, inclusive, fica no último andar do edifício do restaurante marroquino e conta também com pista de dança e DJ nas noites de sexta e sábado.
O hotel oferece também um cinema com capacidade para 20 pessoas. Por lá, além de filmes clássicos, a experiência fica ainda mais especial com as pipocas assinadas pelo chef-pâtissier-celebridade Pierre Hermé. O chef também é responsável por toda a doçaria do hotel, incluindo o cardápio dos dois salons de chá – um no edifício principal e o outro no pavilhão Menzeh, a primeira e histórica construção do La Mamounia, em meio ao jardim e com mesas ao ar livre.
O chef Jean-Georges Vongerichten também assina duas das três opções gastronômicas do La Mamouni. O L’Asiatique traz para o elegante Hivernage, bairro onde o La Mamounia está instalado, especialidades do extremo oriente como curries, dim sum, samosas, cha ca la vong, pad thai, sushi, tempura. No L’Italien, a proposta é a de uma trattoria sofisticada com bar, forno a lenha para pizza aberto para o salão, massas e risotti, além de pratos clássicos da cozinha italiana como ossobucco de vitela, berinjela alla milanese, peixes e carnes assados.
O hóspede pode, ainda, fazer compras dentro do La Mamouni em lojas de alta-costura, como Dior e Yves-Saint Laurent. Há ainda produtos próprios e opções assinadas pelos chefs Pierre Hermé e Jean-Georges Vongerichten.