O filme que fez o cantor Ney Matogrosso se emocionar profundamente ao assistir pela primeira vez, Homem com H, cinebiografia que retrata sua vida desde a infância até a consagração como um dos maiores ícones da música brasileira já está nos cinemas. Ao assistir com o ator Jesuíta Barbosa — que interpreta Ney —, ele disse com gratidão: “Você trabalhou, hein, meu filho?”, pela fidedignidade do personagem com a sua história.
Mas emoção não veio por acaso. Ney Matogrosso participou ativamente da produção do filme, desde o desenvolvimento do roteiro até a revisão final. Sua presença nos bastidores foi determinante para garantir uma representação fiel e sensível de sua história, marcada por ousadia artística, enfrentamento de preconceitos e uma personalidade que sempre desafiou normas sociais e estéticas.

Foto: Reprodução/Homem com H
Dirigido por Esmir Filho e baseado na biografia escrita por Júlio Maria, Homem com H acompanha a trajetória de Ney com recortes que vão da relação conturbada com o pai — figura que exigia repressão emocional — até sua explosiva aparição nos anos 1970 como vocalista da banda Secos & Molhados. O longa também retrata sua relação afetiva com Cazuza e os desafios de se manter autêntico em meio à censura da ditadura militar.
Jesuíta Barbosa enfrentou um intenso processo de preparação para o papel. Além de estudar gestos, voz e expressões de Ney, o ator teve contato direto com o artista, além de adotar práticas simbólicas como meditações com pedras que Ney recebeu do pai — objetos carregados de significado emocional. A construção meticulosa da performance foi elogiada tanto pela crítica quanto pelo próprio homenageado.
A trilha sonora do filme é outro ponto alto. Repleta de clássicos como Bandido, Homem com H e Homem de Neanderthal, a produção optou por manter as gravações originais de Ney nas cenas de palco, mesmo com algumas intervenções vocais feitas por Jesuíta. A decisão teve apoio dos ex-integrantes dos Secos & Molhados — banda da década de 1970 — e acrescenta autenticidade às performances.
Homem com H estreou nos cinemas brasileiros nesta semana e encerrou o 27º Festival de Cinema Brasileiro de Paris, sendo aclamado por seu retrato íntimo e artístico de um artista que sempre foi sinônimo de liberdade e transgressão. Para o próprio Ney, o filme é mais do que uma homenagem: é o reconhecimento de uma vida dedicada à arte, à coragem e à diferença.
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