O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a agitar o cenário internacional ao anunciar, nesta semana, a intenção de criar uma tarifa sobre filmes estrangeiros, em uma tentativa de conter a evasão de estúdios e cineastas norte-americanos para outros países. Segundo Trump, a medida busca proteger a indústria cinematográfica dos Estados Unidos, que ele considera estar sob ataque coordenado de nações concorrentes.
“Hollywood e muitas outras áreas dos EUA estão sendo devastadas. Este é um esforço conjunto de outras nações e, portanto, uma ameaça à segurança nacional. Queremos filmes feitos na América de novo”, afirmou Trump.
A declaração veio acompanhada da confirmação do secretário de Comércio, Howard Lutnick, pelas redes sociais. Lutnick endossou a proposta e afirmou que o governo está trabalhando nos detalhes da implementação da tarifa, embora não tenha informado prazos nem valores.
A proposta surge em meio a um cenário delicado para o setor audiovisual norte-americano. Segundo dados da FilmLA, a produção de cinema e televisão em Los Angeles caiu cerca de 40% nos últimos dez anos. O declínio é atribuído a fatores como a pandemia de Covid-19, a ascensão das plataformas de streaming, mudanças no comportamento do público e, mais recentemente, a greve de atores e roteiristas em 2023, que paralisou produções e adiou estreias.
A reação internacional não demorou. A China já havia reduzido a importação de filmes dos Estados Unidos em abril, como resposta às tarifas comerciais impostas por Washington. Agora, Austrália e Nova Zelândia também se manifestam com medidas semelhantes.
“Ninguém deve ter dúvidas de que estaremos defendendo inequivocamente os direitos da indústria cinematográfica australiana”, declarou Tony Burke, ministro de Assuntos Internos da Austrália.
O primeiro-ministro da Nova Zelândia, Christopher Luxon, adotou tom semelhante. “Estamos aguardando mais detalhes sobre a tarifa. De qualquer forma, defenderemos a nossa indústria.”
O impasse expõe uma disputa geopolítica que transcende as fronteiras do entretenimento, colocando a cultura e o soft power como peças-chave na balança comercial internacional. Resta saber quais serão os próximos capítulos desse embate, e o que isso significará para o futuro de Hollywood no palco global.