Herdeiro de Joseph Safra – o homem mais rico do Brasil até sua morte, em 2020 -, **Alberto Safra** abriu um processo contra a mãe, Vicky Safra, e os irmãos Jacob e David, em **mais um capítulo da disputa pela herança bilionária do pai**.
Na última semana, ele entrou com uma ação na Justiça do Estado de Nova York em que afirma que os irmãos **diluíram de forma ilegal sua participação na SNBNY** (holding que controla o Safra National Bank, um banco americano com USD 9 bilhões em ativos, e que não tem relação com o Banco Safra brasileiro).
De acordo com a petição, à qual o Estadão teve acesso, a diluição ocorreu em dezembro de 2019, quando Joseph **enfrentava sérios problemas de saúde**. A nova distribuição societária, ainda segundo a defesa de Alberto, foi feita criando um **lucro artificial** derivado de uma reavaliação contábil da empresa – o que os advogados chamaram de “_manobras financeiras e contábeis inexplicáveis e suspeitas_”. Com base nesse lucro fictício, os irmãos teriam **emitido novas ações**, que foram alocadas para eles.
>”As transações não tinham propósito econômico legítimo ou lógica comercial. (…) O único efeito delas foi diluir a participação de Alberto na SNBNY e inflar as participações de seus irmãos, David e Jacob, sem que eles (ou qualquer um deles) tivessem investido qualquer capital adicional. Os réus planejaram essas transações sem a devida autorização do conselho”, diz a ação.
O documento afirma ainda que, com as transações, o valor do Safra National Bank foi “_inflado_” em mais de **USD 870 milhões**. Com as supostas manobras, **a participação de Alberto caiu de 28% para 13,4%**. Também de acordo com o processo, Alberto só soube da perda de participação após a morte do pai, em dezembro de 2020.
A defesa ainda afirma que **o balanço** que registra o aumento do lucro era de 2019, mas foi publicado em 2021, e que todo o processo – feito pelos irmãos com a ajuda de diretores da companhia – tinha como **objetivo pressionar Alberto** “_a vender sua participação em vários negócios da família_”.
Outro ponto questionado pelos advogados do herdeiro é que, segundo eles, Alberto **não tem tido acesso a documentos da holding** nem conseguido indicar um nome para fazer parte do conselho de administração, o que seria seu direito.
De acordo com a ação, a SNBNY alega “_falsamente que uma revisão pendente pelo Federal Reserve (o Banco Central americano) impede Alberto de fazer a nomeação_”. A própria autoridade monetária, acrescenta a ação, já teria confirmado **não se opor à nomeação do herdeiro**.
Os advogados também afirmam que **Jacob e David vêm retendo lucro de vários negócios da família**, que deveriam ser distribuídos como dividendos. Na petição, eles pedem que o indicado de Alberto para o conselho de administração seja reconhecido e que a participação de 28% do herdeiro na holding seja restaurada.
A ação ajuizada na semana passada em Nova York é mais uma da **disputa pela herança de Joseph Safra**, avaliada em USD 25 bilhões Há outra ação que corre nos EUA, em que se discute a produção de provas, e uma arbitragem em Londres. Nessa, Alberto questiona sua participação no Banco Safra.
**Alberto deixou o banco brasileiro**, o qual administrava ao lado do irmão David, **no segundo semestre de 2019, após um desentendimento com a família**. Em seguida, criou a gestora ASA Investments. David seguiu como responsável pelos negócios do grupo no País, enquanto Jacob permaneceu diante das operações externas.
No processo, a defesa do herdeiro afirma que David e Jacob **manipularam os pais para tirar Alberto do Safra**. Diz ainda que conflitos de gestão entre os irmãos que comandavam o banco brasileiro se tornaram **”_insustentáveis_” e diminuíram os poderes** de Alberto na instituição. Diante disso, Alberto teria decidido cuidar de projetos pessoais.
Procurados, os assessores de Alberto afirmaram que, em “_razão de atos ilegais e agressivos praticados por seus irmãos__”, ele “_não teve alternativa senão ingressar com ação judicial na Suprema Corte de Nova York para proteger os seus direitos_”. “_É lamentável que David e Jacob Safra tenham tomado tais ações ilegais. Por meio da ação judicial, Alberto Safra busca a proteção dos seus direitos_”.
A família Safra **refutou as alegações** de Alberto e publicou a nota abaixo:
>”Poucos meses após receber doação do Sr. Joseph, como antecipação de sua herança, Alberto deixou o Banco Safra, sem atender aos apelos feitos pessoalmente pelo seu pai e iniciou negócio concorrente ao Banco Safra, tendo, inclusive, assediado e contratado vários executivos do Grupo.
>Nessa ocasião, o Sr. Joseph conversou com diversos executivos solicitando que não acompanhassem Alberto em sua empreitada, já que se tratava de uma afronta a ele próprio.
>Após diversas recusas de Alberto de mudar seus planos, o Sr. Joseph o deserdou e tomou medidas naquele momento.
>Agora Alberto promove uma disputa contra toda a família, dizendo que o pai não teria motivos para fazer o que fez, alegando tratar-se de uma conspiração para prejudicá-lo”.