A autora sul-coreana Han Kang recebeu o Prêmio Nobel de Literatura de 2024, um reconhecimento por sua “intensa prosa poética que confronta traumas históricos e expõe a fragilidade da vida humana”, como destacou a Academia Sueca ao anunciar a vitória. Com uma carreira marcada por obras que exploram as complexidades do sofrimento e da memória, Han se junta ao seleto grupo de 18 mulheres que já foram agraciadas com o Nobel, entre mais de 120 laureados.
Han Kang nasceu em 1970, na cidade de Gwangju, Coreia do Sul, cenário de um violento levante estudantil em 1980, evento que marcou profundamente sua obra. Criada em Seul e filha de um romancista, Han começou sua trajetória literária em 1993 com a publicação de poemas, mas foi com a prosa que encontrou sua voz mais característica.
Sua obra mais conhecida, A Vegetariana (2007), narra a história de uma mulher que decide parar de comer carne após um sonho, provocando profundas rupturas em sua vida familiar e social.
No Brasil, três de suas obras já foram publicadas pela editora Todavia: A Vegetariana, Atos Humanos e O Livro Branco. Cada uma delas reflete o talento da autora para mesclar questões existenciais com as feridas históricas da Coreia do Sul. Atos Humanos (2014), por exemplo, retrata o trauma do levante de Gwangju, enquanto O Livro Branco (2016) é uma meditação poética sobre a perda e o luto.
O Nobel de Han Kang ressalta também o destaque crescente de mulheres na literatura mundial. Ela se une a autoras como Annie Ernaux (2022), Olga Tokarczuk (2018) e Alice Munro (2013), premiadas nos últimos anos.
Desde Selma Lagerlöf, a primeira mulher a receber o prêmio em 1909, até hoje, apenas 18 mulheres foram reconhecidas com a honraria, revelando o longo caminho para maior equidade de gênero na premiação.
Com o Nobel, a expectativa é que outras de suas obras inéditas no Brasil, como We Do Not Part, previsto para 2025, também cheguem ao público nacional.