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Hamas lança ataque sem precedentes no sul de Israel

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou que o país está oficialmente em guerra

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Insurgentes palestinos lançaram um ataque sem precedentes no sul de Israel neste sábado, disparando milhares de projéteis contra o território israelense, enquanto o grupo Hamas, que controla a Faixa de Gaza, anunciava o início de uma nova operação. Em resposta, Israel retaliou atingindo alvos em Gaza, intensificando a possibilidade de uma nova rodada de confrontos graves entre os dois inimigos acirrados. Segundo informações do The New York Times, pelo menos 23 pessoas já perderam a vida.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou que o país está oficialmente “em guerra  com o grupo miliciano radical”. Essas foram suas primeiras palavras desde o início da ofensiva. Ele convocou reservistas e prometeu que o Hamas “pagará um preço que nunca conheceu antes”.

“Estamos em guerra. Não é uma simples ‘operação’, não é apenas um ‘ataque’, mas uma guerra”, afirmou Netanyahu. Ele também ordenou que o exército limpasse as cidades infiltradas por militantes do Hamas, que ainda estavam envolvidos em confrontos com soldados israelenses.

 

 
 
 
 
 
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Vídeos compartilhados nas redes sociais mostraram atiradores palestinos uniformizados dentro da cidade fronteiriça israelense de Sderot. Um vídeo de Gaza mostrou o corpo aparentemente sem vida de um soldado israelense sendo pisoteado por uma multidão enfurecida que gritava “Deus é grande”. Outro vídeo aparentava mostrar insurgentes palestinos arrastando um soldado israelense vivo em uma motocicleta.

Em outra filmagem, uma multidão de homens palestinos dançava ao redor e em cima de um tanque israelense em chamas. A autenticidade dos vídeos não pôde ser imediatamente verificada. Um vídeo postado por uma brasileira mostra integrantes do Hamas atirando a esmo contra alvos civis.

O líder da ala militar do Hamas, Mohammed Deif, anunciou o início do que chamou de “Operação Tempestade Al-Aqsa”, convocando os palestinos a se unirem à luta. O Hamas disparou mais de 5 mil projéteis contra Israel, de acordo com relatos. Salah Arouri, um líder exilado do Hamas, afirmou que a operação foi uma resposta “aos crimes da ocupação”, destacando que os combatentes estavam defendendo a mesquita de Al-Aqsa em Jerusalém e os milhares de prisioneiros palestinos mantidos por Israel.

O exército israelense confirmou a infiltração em várias cidades do sul, próximas à fronteira com a Faixa de Gaza, e instruiu a população a permanecer em casa.

“O exército declarou estado de alerta de guerra. Nas últimas horas, a organização terrorista Hamas iniciou um maciço lançamento de projéteis da Faixa de Gaza para o território israelense, com terroristas se infiltrando em vários locais diferentes no território israelense”, afirmou em comunicado. “O Hamas enfrentará as consequências e a responsabilidade”, acrescentou o comunicado, no mesmo tom usado pelo primeiro-ministro israelense.

Israel construiu uma extensa cerca ao longo de sua fronteira com a Faixa de Gaza para impedir a entrada. A cerca está equipada com câmeras, sensores de alta tecnologia e tecnologia de escuta. A incursão dos insurgentes representa uma grande conquista para o Hamas.

O som de foguetes cortando o ar podia ser ouvido em Gaza, e sirenes foram ativadas em locais tão distantes quanto Tel Aviv e Jerusalém durante os ataques matinais, que duraram mais de duas horas. A agência de emergência israelense, Magen David Adom, informou que uma mulher de 70 anos sofreu ferimentos graves devido a um foguete que atingiu um prédio no sul de Israel. Em outro incidente, estilhaços de um projétil causaram ferimentos moderados em um homem de 20 anos, de acordo com os relatos.

Enquanto os ataques continuavam no centro e no sul de Israel, milhões de israelenses receberam ordens de permanecer perto de abrigos antibombas em suas casas. O exército instruiu os residentes próximos a Gaza a ficarem em casa devido ao “incidente de segurança”.

A ofensiva palestina coincide com semanas de crescentes tensões ao longo da volátil fronteira de Gaza e com intensos combates na Cisjordânia ocupada por Israel. O país mantém um bloqueio na Faixa de Gaza desde que o Hamas, um grupo insurgente islâmico que se opõe a Israel, assumiu o controle do território em 2007. Os inimigos ferrenhos travaram quatro guerras desde então. Além disso, houve vários pequenos confrontos entre as tropas israelenses e o Hamas, bem como outros grupos menores no território.

O bloqueio, que restringe a entrada e a saída de pessoas e mercadorias, devastou a economia da Faixa de Gaza. Israel alega que é necessário impedir que grupos insurgentes expandam seus arsenais, mas os palestinos argumentam que isso equivale a punição coletiva.

Esses recentes ataques de foguetes ocorrem em um contexto de intensos combates na Cisjordânia, onde quase 200 palestinos foram mortos em ataques israelenses neste ano. Israel afirma que a maioria das vítimas são insurgentes, mas as baixas também incluem jovens palestinos que lançavam pedras em protesto e pedestres inocentes.

Israel conquistou a Cisjordânia, além de Jerusalém Oriental e a Faixa de Gaza, na Guerra dos Seis Dias de 1967, um conflito que ainda ecoa nas tensões presentes na região.