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Hábitos saudáveis são fundamentais para qualidade de vida

Médica Priscilla Proença explicou o assunto em entrevista no lounge do GPS na CASACOR
Imagem: Reprodução GPS

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Idealizadora do Método Integral Health, a médica Priscilla Proença explica o que é a Medicina de Estilo de Vida, uma abordagem que contribui para prevenção de diversas doenças, até mesmo o câncer, e também combate o envelhecimento precoce.

Como parte do tema, a médica pós graduada em Endocrinologia e Nutrologia, proprietária da Sensce ClínicSPA, falou em entrevista concedida à sócia-fundadora do portal GPS Brasília, Paula Santana, no espaço Epicentro, na CASACOR, sobre como o modelo de vida disfuncional impacta negativamente na nossa saúde. Confira o vídeo da entrevista clicando aqui:

 

Veja como foi a entrevista:

1 – O que é medicina do estilo de vida? (Paula Santana)
“Ela surgiu nos Estados Unidos como uma forma de conter o avanço das doenças crônicas causadas pelo estilo de vida disfuncional. Então, é uma parte da medicina que não é uma especialidade, mas uma área de atuação onde estudamos os hábitos ou práticas para uma boa saúde”. (Priscilla Proença)

2 – A população, em geral, tem levado há muito tempo uma vida bastante desregrada, mas como uma pessoa pode ser considerada disfuncional?
“Bom, você é disfuncional se você está sedentária, se você consome excesso de álcool, se você é tabagista, se você não tem uma alimentação equilibrada, se você não tem um sono reparador, se você não gerencia seu estresse e a sua ansiedade, e se você não possui conexões sociais saudáveis, por exemplo, que também é um pilar da medicina do estilo de vida.”

3 – Você tem encontrado pessoas muito desconectadas de si mesmas?
“O Brasil ocupa o primeiro lugar em rankings que apontam os países mais ansiosos do mundo. Então, a maior dificuldade hoje das pessoas é lidar com o estresse e o excesso de ansiedade. Estes dois problemas ainda são causadores de outras disfunções, como o sono ruim, a desregulação metabólica hormonal, a própria obesidade, entre outras. Hoje a gente sabe que um dos maiores causadores de ganho de peso se chama “comer emocional”. E isso vem da falta de gerenciamento do estresse e da ansiedade. ”

4 – Por que o Brasil, um país tropical, alegre e festivo é o país mais ansioso do planeta Terra?
“Quando você observa o estilo de vida mundial, especialmente, nas zonas azuis, onde a gente tem um maior número de centenários como ocorre em Okinawa, no Japão, Icária na Grécia assim como a Sardenha e Loma Linda na Califórnia, há uma diferença muito grande no estilo de vida desses lugares se comparamos com o Brasil. Os habitantes destes locais se movimentam muito mais do que a gente. O carro não é quase utilizado. E mesmo os idosos são muito mais ativos fisicamente e estão sempre ocupando a mente positivamente. Além disso, possuem conexões sociais e familiares saudáveis e portanto gerenciam melhor o estresse e a ansiedade. Estes são os principais fatores que a gente percebe nessas zonas azuis e que não observamos em países com altos índices de estresse e ansiedade como o Brasil.”

5 – Outro fator que podemos considerar seria a alimentação industrializada?
“Os países de terceiro mundo absorveram muito a onda da industrialização alimentar americana. Na verdade, a gente tem que regredir um pouco em relação à questão dos industrializados e buscar uma alimentação mais natural, mais próxima dos nossos avós. Um hábito que gosto de propor aos meus pacientes é que, nas idas ao supermercado, eles busquem comprar a maior quantidade possível de alimentos saudáveis, os “alimentos sem embalagem. Se não tivermos guloseimas em casa não cairemos na tentação de comê-las.”

6 – Essa circunstância sócio-comportamental está relacionada ao processo de emagrecimento?
“Sim, porque o ganho de peso é multifatorial, não tem somente uma causa, é uma condição complexa. E a gente percebe que o nosso comportamento e hábitos possuem forte influência no processo. O “comer emocional’ é outro grande impactante. A alimentação é um regulador de emoções e há muitas pessoas que tentam compensar ou regular as emoções negativas comendo alimentos altamente palatáveis, mas que carregam consigo muitas calorias.”

7 – Priscilla é sempre a comida, o nosso destino diante de uma aflição?
“Alimentos são de certa forma muito acessíveis e socialmente aceitos. Dessa forma é muito fácil compensar aflições com algo que está próximo e que pode ser feito sem repressões. Algumas pessoas podem desenvolver vícios em compras, jogos e também em comida. Mas este último é um vício, digamos, mais fácil de ser mantido, mas que traz muitos prejuízos para a saúde do indivíduo, incluindo a obesidade.”

8 – Até pouco tempo atrás, eu lia que o brasileiro tinha um prato super saudável e colorido arroz, feijão, salada, carne. Quando nós deixamos de comer bem? Será que os pais podem ter alguma relação com essa hábito de comer alimentos processados? 
“Eu não diria que os pais são os principais responsáveis, mas nós observamos no passado um boom da alimentação industrializada e, naquela época, a maioria dos produtos alimentícios eram vistos com bons olhos; uma evolução que trazia praticidade para o novo estilo de vida acelerado que se iniciava. Essa praticidade aliada ao novo ritmo e à descoberta dos novos sabores, mudou o comportamento alimentar da população.”

9 – Foi uma era do consumo?
“Nossa cultura de consumo sempre foi influenciada pelos EUA. Após a revolução industrial o governo americano incentivou de forma pesada o consumo dos alimentos processados. As porções ficaram cada vez maiores, os alimentos mais coloridos, mais açucarados, gordurosos e por isso mais saborosos. Nossos hábitos alimentares mudaram drasticamente. Se antes uma maçã era aceita como uma deliciosa sobremesa, depois de tantas opções industrializadas, ela passou a ser preterida na hora de fazer as compras. A boa notícia é que podemos aos poucos “reverter” o nosso paladar para apreciar alimentos mais naturais e saudáveis. Para isso, precisamos diminuir os produtos alimentícios industriais, o açúcar e a farinha branca em excesso e ir substituindo-os por alimentos mais naturais ou minimamente processadas. Comida de verdade para ter mais saúde e qualidade de vida.”

10 – O desdobramento, fisiologicamente falando, só percebemos quando a roupa não serve mais. Quais são os outros fatores que esse excesso, esse comer equivocado, provoca na gente?
“Quando temos uma base alimentar industrializada, na maioria das vezes, isso vai gerar ganho de peso por vários motivos, mas existem outros problemas associados ao consumo elevado desses alimentos. Uma alimentação não natural aumenta substancialmente os níveis de inflamação celular, disbiose e outros processos metabólicos deletérios que irão aumentar o risco para todas as doenças e também para o envelhecimento precoce. Não existe saúde quando se tem uma alimentação ruim. Por mais que alguns parâmetros laboratoriais possam mostrar índices satisfatórios, você não está saudável se não se alimenta bem.”