Longe das piscinas profissionalmente há quase vinte anos, o medalhista olímpico Gustavo Borges se dedica a difundir a metodologia GB, que é batizada com próprio nome do atleta. Ele esteve em Brasília para um evento da rede de academias Companhia Athletica e bateu um papo exclusivo com o GPS.
Borges obteve duas medalhas de prata nos 100m e 200m livres, em Barcelona-1992 e Atlanta-1996. Dois bronzes foram conquistados nos 100m livre, em 1996 e Sydney, no ano 2000, no revezamento 4x100m. Em Jogos Pan-Americanos, Borges está em sexto lugar no hall de maiores medalhistas da história, com 19 conquistas. O líder é o também nadador brasileiro Thiago Pereira, que subiu ao pódio 23 vezes.
O filho mais velho, Luiz Gustavo Borges, de 25 anos, está seguindo os caminhos do país. A genética ajuda, já que a mãe é a também ex-nadadora e ex-atleta olímpica espanhola Bárbara Franco, casada até hoje com Gustavo Borges.
Leia a entrevista completa com o nadador:
Conta um pouquinho para gente sobre o seu começo na natação. Você foi incentivado pela sua família?
Comecei em Ituverava, com cinco anos. Com nove eu estava fazendo algo mais organizado, ainda na cidade onde eu nasci. Fiz vários esportes, como vôlei e basquete, ao mesmo tempo. Como meus pais são altos, eu sabia que ia ficar comprido. Foi um início muito legal. Com 15 anos, eu estava melhor fisicamente, comecei a competir e tive melhores resultados. Foi uma infância muito boa e o esporte trouxe muitas coisas boas. A família sempre esteve presente, com pai e mãe. Eu nadava junto da minha irmã mais velha, então a gente tinha um esquema familiar de natação. Esse é um ponto muito importante, porque, se a família está junto, mais chances do jovem prosperar.
Como era a sua rotina no começo da carreira e como ela é agora?
Em termos de rotina, tudo continua muito parecido hoje dia, principalmente em termos de disciplina. A diferença é que antes eu tinha que canalizar meu esforço, minha tensão, para a prática do esporte. Eu tinha uma rotina de cinco horas por dia de atividade física. Hoje em dia não tenho isso. Eu tenho o esporte como algo que eu faço pela minha saúde, buscando qualidade de vida. Sou muito dedicado nas coisas que eu faço. Tenho minha agenda muito organizada. Gosto de tudo direcionado, de pensamento estratégico para o que vai dar certo. O mesmo foco que eu tinha na minha época de atleta, eu tenho hoje para o trabalho.
Seu filho também é atleta de natação, certo? Como você vê o fato dele seguir seus passos?
Acho muito legal. No começo, eu tinha uma preocupação muito grande em como ele lidaria com isso. Ele nada as mesmas provas. Minha esposa também é uma atleta com bastante resultado dentro do esporte e foi para duas olimpíadas. Ela é campeã europeia de 200 metros borboleta. Eu tinha uma expectativa grande de saber como ele lidaria com esses fatores. Ele foi muito bem. Desde jovem trabalhamos isso, tanto com ele quanto com minha filha, mas ela não seguiu. O meu filho tinha essa pegada e hoje tem uma cabeça incrível nesse sentido, tem a pressão de ter pais atletas. Mas ele lida de uma maneira muito tranquila, de buscar resultados. O que ele conquistou foi mérito dele. Quando ele tinha 14 anos, eu estava preocupado. Hoje, não me preocupo mais.
Como é a metodologia MGB?
A gente trabalha numa rede de licenciamentos no Brasil e no Chile. Nós trabalhamos de uma forma organizada em cada um dos níveis. Dividimos em três aspectos: o técnico tem um direcionamento mais para os professores; cores e mascotes têm conexões mais fortes com pais e alunos. Trabalhamos em uma sequência lógica de ensino e aprendizagem, tanto em questões comportamentais quanto técnicas. Nesse evento em Brasília, trouxemos os passaportes, uma novidade que estamos implementado. A Companhia Athletica está conosco desde o início. É um trabalho para desenvolver maturação da criança, no comportamento, desenvolvimento cognitivo e nos valores que estão envolvidos.