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Governo pressiona EUA para evitar tarifa de Trump sobre alimentos e aeronaves da Embraer

Brasil intensifica articulação diplomática e prepara plano de contingência com relação a sobretaxa de 50%

 

Com a proximidade da entrada em vigor da tarifa de 50% anunciada por Donald Trump sobre produtos brasileiros, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) intensificou nos últimos dias as negociações com os Estados Unidos para tentar excluir itens estratégicos da lista, como alimentos e aeronaves da Embraer. A medida, que deve começar a valer em 1º de agosto, pode impactar fortemente exportações de suco de laranja, café e jatos regionais, setores em que o Brasil tem presença significativa no mercado norte-americano.  

O vice-presidente Geraldo Alckmin, que também comanda o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, tem liderado as conversas com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick. Ele argumenta que, além da importância dos produtos para a economia brasileira, há impactos também para a cadeia produtiva americana.

“Estamos dialogando neste momento pelos canais institucionais e com reserva”, afirmou Alckmin durante evento de lançamento do Programa Acredita Exportação.

A Embraer, por exemplo, utiliza peças importadas dos próprios Estados Unidos em sua produção, o que segundo o governo brasileiro evidencia um prejuízo mútuo caso as sobretaxas avancem. “Possivelmente, a gente espera que não seja unilateral no dia 1º”, disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em reunião com Lula, reforçando que o “foco do Brasil é negociar”. Segundo Haddad, Alckmin “não vai deixar a mesa de negociação”.

A situação, no entanto, segue indefinida. Apesar da movimentação diplomática e de uma comitiva de senadores em Washington buscando sensibilizar o Congresso e o empresariado americano, não houve até agora resposta oficial por parte dos EUA. O governo Lula, diante desse impasse, evita anunciar publicamente o plano de contingência, embora o desenho já esteja pronto, aguardando apenas o aval presidencial.

“O plano de contingência está sendo elaborado, bastante completo, bem feito”, limitou-se a dizer Alckmin, sem dar detalhes.

Entre as medidas em estudo, estão a criação de um fundo privado para facilitar crédito às empresas atingidas e ações para preservação de empregos, inspiradas em modelos adotados durante a pandemia.

Pelo programa, a partir de 1º de agosto, mesma data de entrada em vigor da tarifa de 50%, as micro e pequenas empresas poderão receber de volta o equivalente a 3% de suas receitas com vendas externas. O ressarcimento poderá ocorrer de forma direta ou por meio de compensação de tributos federais.

A tensão comercial ocorre justamente quando o Brasil tenta impulsionar sua pauta exportadora com o lançamento do programa Acredita Exportação. A iniciativa, assinada por Lula na última segunda-feira (28), permitirá que micro e pequenas empresas exportadoras recebam de volta 3% de suas receitas externas, por meio de ressarcimento direto ou compensação tributária. “O projeto vem em boa hora, reafirmando valores que o Brasil defende, como multilateralismo”, destacou Alckmin.

Enquanto o prazo final dado por Trump se aproxima, o clima em Brasília é de cautela e insistência diplomática. Lula resumiu o momento com ironia. “Alckmin todo dia liga para alguém e ninguém quer conversar com ele”. O Planalto afirma que não aceitará concessões políticas, como interferências em processos judiciais ou mudanças na regulação de plataformas digitais, mantendo o foco exclusivamente comercial nas negociações.

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