A Secretaria de Comunicação da Presidência da República anunciou nesta terça-feira (26) o novo slogan do governo federal: “Governo do Brasil, do lado do povo brasileiro”. A frase passa a ser a assinatura oficial das ações e campanhas institucionais da atual gestão.
O anúncio foi feito após a primeira reunião ministerial entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e os integrantes do governo brasileiro, no Palácio do Planalto. Na ocasião, o petista recomendou aos ministros que não usem em suas publicidades a identificação “governo federal, mas “governo do Brasil”.
Segundo a estratégia de comunicação da Presidência da República, a nova frase remete aos recentes movimentos de defesa da soberania nacional, em resposta às medidas tomadas pelos Estados Unidos, como a imposição da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros.
Antes, o slogan do Planalto era “União e Reconstrução”, adotado por governo desde o início da terceira gestão de Lula.
Reunião com ministros
Durante a reunião com os titulares das pastas, Lula voltou a criticar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seu filho deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) classificando-o como um traidor da pátria e disse que ele já deveria ter sido cassado pela Câmara dos Deputados. “O que está acontecendo hoje no Brasil com a família do ex-presidente e com o comportamento do filho dele nos EUA é, possivelmente, uma das maiores traições que uma pátria sofre de filhos seus”, disse.
“Não conheço na história desse País algum momento em que um traidor da pátria teve a desfaçatez de mudar para o país, que ele está adotando como pátria, negando a sua pátria e tentando insuflar o ódio de alguns governantes americanos contra o povo brasileiro”, acrescentou.
Na ocasião, o petista reforçou críticas à guerra em Gaza e ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, utilizando boné da cor azul com a frase “O Brasil é dos brasileiros”. Os ministros também usaram o adereço.
“Somos um País soberano, temos uma Constituição, temos uma legislação, quem quiser entrar nesses 8,5 milhões de quilômetros quadrados, no nosso espaço aéreo, no nosso espaço marítimo, nas nossas florestas, tem que prestar contas à nossa Constituição e à nossa legislação”, afirmou.
Lula criticou Trump, devido às tarifas em curso. “[Trump] tem agido como se fosse o imperador do Planeta Terra. É uma coisa descabida, mas ele continua fazendo ameaças ao mundo inteiro”, defendeu. Ele afirmou que o presidente dos EUA ameaça quem busca adotar medidas contra as chamadas “big techs”, grandes empresas de tecnologia.
O chefe do Executivo voltou a dizer que Israel comete um genocídio contra os palestinos na Faixa de Gaza. “Temos a continuidade do genocídio na Faixa de Gaza, que não para, todo dia mais gente morre”, declarou Lula. De acordo com Lula, crianças que passam fome são “assassinadas como se fossem do Hamas” pelas tropas israelenses. A declaração ocorre em meio a tensão diplomática entre Brasil e Israel.
Defesa da soberania
Lula tem adotado discurso em defesa da soberania nacional após o governo dos Estados Unidos anunciar a sobretaxação de produtos nacionais em até 50%. O tarifaço, como a medida foi apelidada, foi classificado como necessário para “corrigir” a relação comercial com o Brasil, que o republicano classificou como desfavorável.
O presidente dos EUA, Donald Trump, também vinculou a taxação ao processo contra o Jair Bolsonaro (PL) em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF), chamando a ação de “caça às bruxas”. Além disso, o governo norte-americano suspendeu os vistos de autoridades brasileiras, entre elas o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF.
A decisão contra Moraes teve como base a Lei Magnitsky, instrumento utilizado pelos EUA para punir estrangeiros acusados de corrupção em larga escala ou violações graves de direitos humanos. Para o governo Lula, as medidas representam uma afronta à soberania nacional.