O Governo do Distrito Federal (GDF) descartou, nesta quarta-feira (4), a infecção por gripe aviária no pombo encontrado morto no Zoológico de Brasília. A informação foi divulgada em coletiva de imprensa, no Palácio do Buriti.
Participaram os secretários de Agricultura, Rafael Bueno, Saúde, Juracy Lacerda, e Meio Ambiente, Gutemberg Gomes; o diretor-presidente do Zoológico de Brasília, Wallisson Couto; e o presidente do Instituto Brasília Ambiental, Roney Nêmer.
O diagnóstico laboratorial foi realizado pelo Laboratório Federal de Defesa Agropecuária (LFDA), vinculado ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
Segundo informações da Seagri, o irerê e o pombo eram animais de vida livre, ou seja, não pertenciam ao equipamento público. Mesmo assim, a pasta decidiu pelo fechamento temporário do zoológico até, pelo menos, 12 de junho. O espaço só será reaberto caso não haja novos registros no local. “A vigilância será contínua a fim de monitorar a saúde das aves”, enfatizou a pasta, em nota.
Durante a coletiva, Bueno destacou que o GDF já está em estado de emergência zoosanitária desde 2023, adotando medidas protocolares estabelecidas pelo Ministério da Agricultura. “Até o momento, nós não tivemos nenhuma outra ave com sintomatologia no zoológico”, enfatizou o titular da Seagri.
“Sabidamente, conforme o protocolo do próprio Mapa, interditamos o Zoológico, e esse prazo de interdição começa a contar a partir do momento da notificação e segue até o dia 12 de junho. Nesse período, as equipes de defesa Seagri, juntamente com a equipe de veterinários do Zoo, farão um monitoramento em todas as aves do plantel, observando sinais críticos e observando também as aves de vida livre, como é o caso do irerê”, detalhou Bueno.
O secretário de Saúde do Distrito Federal, Juracy Lacerda, afirmou que oito funcionários do Zoo são monitorados pelo governo após terem tido contato com as aves mortas. O titular da pasta reforçou que o o baixo risco de contágio e transmissibilidade da gripe aviária em humanos está diretamente ligado ao contato com aves infectadas. Segundo o titular da Saúde, é esse tipo de exposição que aciona o protocolo de vigilância sanitária:
“O principal ponto de atenção é o contato direto com ave morta. A partir daí, é que se inicia o monitoramento pela vigilância em saúde. Hoje, o que circula entre os humanos são os vírus H1N1, H3N2 e H2N2, que estão cobertos pela vacina da gripe. Já a gripe aviária envolve outros tipos, como o H5N1 e o H7N9, que são os mais prevalentes entre as aves. Esses vírus até podem infectar humanos, mas isso ocorre em situações muito específicas. Por isso, é fundamental evitar qualquer exposição a aves doentes ou mortas e acionar imediatamente o protocolo em caso de contato.”
A doença
A gripe aviária é uma infecção causada por vírus que afetam principalmente aves, mas, em casos raros, podem contaminar seres humanos. A doença se espalha por contato direto ou por secreções, como saliva e fezes. Embora alguns tipos do vírus sejam mais agressivos, o risco para a população é muito baixo.
“De forma geral, o risco para a população é considerado baixíssimo, mas sempre há o risco epidemiológico envolvido, que a gente monitora principalmente via notificação obrigatória. O que tem chamado a atenção para essa gripe aviária é que trata-se da primeira vez em que a gente nota um pouco de persistência na ocorrência de casos e aves. Isso se apresenta como uma novidade nessa cepa do H5N1”, explica a infectologista Jaqueline Palazzo, do grupo MedCof.
A médica da USP destaca que que as principais medidas de transmissão são mais pertinentes ao manejo dos próprios animais, como uso de equipamentos de proteção e na detecção precoce de casos.
“O foco da prevenção tem que estar principalmente nesse risco ocupacional, porque a gente ainda não tem evidência do vírus ter potencial de transmissão entre humanos. Não esperamos vivenciar uma situação de epidemia ou até mesmo pandemia de gripe aviária”, detalhou a profissional de saúde.
De acordo com a Agricultura, o consumo de carne de aves e ovos inspecionados é seguro, já que a doença não é transmitida por esse meio. “A população pode se manter tranquila, não havendo qualquer restrição quanto à alimentação”, defendeu a pasta em comunicado divulgado na noite de terça.