GPS Brasília comscore

Gosta de cerveja artesanal? Brasília é destaque nesse mercado

Com 17 fábricas, capital cresce no ramo e foi destaque na Copa Cerveja Brasil
Cerveja
Marina Lima

Compartilhe:

Há quem diga que não gosta de cerveja, mas, em Brasília, o gosto pela ‘gelada’ tem impulsionado o crescimento exponencial das cervejarias artesanais. Segundo o mais recente levantamento do Ministério da Agricultura, o Distrito Federal possuía, até o final de 2022, 17 fábricas registradas e em plena operação. O número é quase o dobro do registrado em 2018, apontando um importante crescimento nos últimos cinco anos.

Além do aumento no número de fábricas, as cervejarias de Brasília têm demonstrado que trabalham com qualidade. Mais da metade delas foi premiada em setembro deste ano pela Copa Cerveja Brasil, em uma competição do Centro-Oeste pela Associação Brasileira das Cervejarias Artesanais (Abracerva). Somando as fábricas tradicionais às ciganas (empresas que não possuem fábrica e terceirizam a produção), oito cervejarias do DF foram premiadas. Ao todo, as premiações foram distribuídas em 37 estilos diferentes, agrupadas em 11 categorias, o que mostra a variedade de cervejas que o DF produz.

Magneto Fotografia - Vini Goulart - Urban - Abertura Loja - 20220920 - _VNG5524

Fotos: Vini Goulart

“O DF se destaca na região pela grande variedade de rótulos por cervejaria. Isso mostra a capacidade criativa das cervejarias locais. Outros estados como Goiás e Mato Grosso têm excelentes produtos e excelentes profissionais também. Isso elevou a régua do concurso regional e tornou as medalhas ainda mais valiosas”, disse o presidente da Abracerva.

O presidente da Abracerva explica que, atualmente, a associação tem trabalhado para criar uma diferenciação legal no Brasil entre o que é cerveja artesanal e o que é mainstream. Nos Estados Unidos, por exemplo, essa classificação é feita por volume. “Aqui, não existe lei ou regulamentação que diferencie formalmente os produtos feitos em larga escala industrial e os produzidos pelas fábricas menores”, revelou.

Apesar de não haver ainda uma norma, o presidente ressalta que as cervejas artesanais se destacam pela experiência sensorial trazida pelos sabores, aromas e texturas, que podem ser bastante perceptíveis nas cervejas feitas em menor escala. “Trata-se da identidade do produto com sua região, sua comunidade. Uma cerveja feita com café do cerrado ou com frutas típicas, ou maturadas em madeiras brasileiras ou que usam lúpulos da área, traz para o copo o regionalismo e ajuda a gerar emprego e renda no entorno. A fábrica local, o cervejeiro, o empresário, participam da vida da comunidade, realizam eventos, fomentam o turismo”, disse.

Uma das cervejarias premiadas foi a Cruls pela Abracerva, que foi criada a partir de um trabalho de conclusão de curso na Universidade de Brasília (UnB), onde os três sócios se conheceram e decidiram colocar o projeto para frente. A marca começou a operar oficialmente em 2017, como cigana, e atua com fábrica própria desde 2018. A fábrica fica na zona rural de Santa Maria/DF, mas possui também bar da marca na 413 norte.

“Nosso portfólio possui mais de 13 rótulos diferentes, de diversos estilos de cerveja. Produzimos desde as mais leves simples como pilsen e hop lager, até as mais amargas como as ipas. Também fazemos estilos clássicos europeus como weiss e belgian blond, cervejas do estilo brasileiro catharina sour que são ácidas com adição de frutas, até cervejas com alto teor alcoolico como stout e tripel”, enumera o gerente de Inovação e Qualidade da Cruls, Marcos de Paula.

 

Cervejaria Cruls
Foto: Divulgação

Ele conta que, das cervejas produzidas, as mais populares entre os clientes são as puro malte, ipas – tanto a red ipa, american ipa e solarius, quanto à juicy ipa. As mais ácidas e refrescantes como as catharina sour também são bem populares.

Marcos de Paula explica que o processo de produção de uma cerveja artesanal é bem similar ao de uma produção industrial de larga escala. “Também somos uma indústria, mas em menor escala e com um contato mais próximo de todas as etapas do processo”, disse.

Foto: Divulgação

Segundo ele, o processo de produção de cerveja acontece em duas grandes etapas: a parte quente e a parte fria do processo. A parte quente ocorre em três panelas diferentes. A primeira com a extração dos açúcares contidos nos diferentes maltes já moídos, por meio de uma infusão em um processo que chamamos de sacarificação. Depois, é separado o líquido cheio de açúcares (chamado de mosto) do bagaço de malte e, então, é fervido o mosto com lúpulo para agregar novos aromas e sabores, que se juntam aos sabores do malte.

“Após a fervura o mosto é resfriado e vai para os tanques fermentadores, onde é adiciona a levedura, microrganismo que vai fermentar os açúcares, transformando em álcool, CO2 e diversos aromas e sabores diferentes. Após 3 semanas fermentando e maturando a cerveja é envasada, tanto em barris como em garrafas e latas”, conta o gerente.

Outra cervejaria em Brasília que vem ganhando destaque e também foi premiada pela Abracerva é gerenciada pela Marina Lima, sommelier de cervejas que atualmente estuda para Mestre Cervejeiro. Ela conta que a Urban Cervejas Artesanais surgiu em 2022, em meio a pandemia, no Sudoeste. “Sempre fui apaixonada por cerveja, desde as primeiras que surgiram para nós, no Brasil, como artesanais. Eu tomava, degustava e analisa instintivamente. Sendo assim, pensei, porque não iniciar um negócio com cervejas?”, conta.

Marina Lima

A tap house da Urban tem, atualmente, sete estilos de cervejas, todas receitas próprias de Marina. São elas: Lager, American Blonde Ale, Irish Red Ale, Neipa, American Pale Ale, Doublem Ipa, e a última lançada em setembro, quando a fábrica completou um ano de funcionamento, a Catharina Sour. “Costumo dizer que o gosto pelas cervejas artesanais é muito pessoal, cada estilo possui um aroma e paladar próprios, ou seja, as cervejas artesanais se equiparam aos alimentos. Algumas pessoas gostam de frutos do mar, outras não, da mesma forma, os clientes preferem um ou outro estilo”, explica.

Foto:  Vini Goulart
Foto: Vini Goulart

Segundo ela, a cerveja preferida do público é a Neipa, um estilo de suave amargor, que traz bastante frutrado, um corpo médio, uma cerveja de amarelo claro, levemente turva, com sabores levemente cítricos, provenientes do lúpulo, que além do amargor, surpreende nos mais diversos sabores e aromas. “Brasília tem se mostrado um excelente mercado para produtos que, além da qualidade comprovada, dependem do gosto pessoal do consumidor. As cervejas artesanais estão, cada vez mais, no dia a dia dos brasilienses”, finalizou.