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Goiano relata tensão em Israel ao GPS

Em Dubai, Marco Aurélio Freitas bateu um papo com o GPS pelo WhatsApp. Agropecuarista embarca na sexta-feira (13) para Brasília
Foto: Reprodução/Instagram
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Cenas de filmes de terror. Assim pode ser definido o momento em que o agropecuarista Marco Aurélio Freitas, conhecido como Lelo, acabou de passar com os pais e irmão. Tudo começou com uma viagem em família, partindo da Alemanha rumo a Israel, para um roteiro religioso. 

“Eu e meu irmão tínhamos uma promessa de levar meus pais para conhecer o Rio Jordão, Jerusalém e todos os locais da história de Jesus”, conta Lelo em conversa com o GPS

Os quatro chegaram a Tel Aviv no dia 6 de outubro e, na manhã seguinte, os ataques começaram. “Acordei com uma explosão muito grande. Tremeu tudo. Eu saí correndo para a sacada e vi outras explosões, tanto mais longe quanto mais perto do hotel”

Nesse momento, Lelo começou a ouvir gritos vindos do corredor. Quando abriu a porta, a equipe do hotel mandou todos os hóspedes para dentro de um bunker. Foi ali que ficaram sabendo que se tratava de ataques do grupo terrorista Hamas.

“A situação foi muito constrangedora. Tinha gente que saiu correndo do quarto, de pijama, de roupas íntimas. O hotel tinha bunker em todos os andares”

Depois que saíram do espaço protegido, a ordem era para que não saíssem do hotel. Podiam chegar, no máximo, até a recepção. “Passamos o dia dentro do quarto e, em qualquer explosão, corríamos para dentro do bunker”

No mesmo dia em que começou o ataque, a família ligou para a embaixada do Brasil em Israel, mas não conseguiu fazer contato., pois a ligação não completava. Também não havia voos disponíveis. Segundo Lelo, foi nesta hora que o terror psicológico começou.

Durante a noite, mais bombas. Lelo não dormiu. Ficou acordado, olhando na sacada do quarto, observando a situação. Mísseis caíram perto a cerca de 400 metros do hotel. “Tive medo de morrer muitas vezes. Vi criança chorando e passando mal”.

“Com o passar do tempo, os bombardeios cessaram. Então, fui à praia. Se eu permanecesse no hotel, ficaria louco. O tempo todo se ouvia barulhos”. 

Com o objetivo de deixar Israel, ele fez reserva em vários voos de empresas diferentes, mas a todo momento eles eram cancelados. Depois de muitas tentativas, deu certo. Um voo, com quatro lugares disponíveis, partiria para Dubai, com escala de oito horas na Etiópia.

Na madrugada de segunda-feira (9), a família seguiu rumo ao aeroporto. “A tensão era gigante. Não havia ninguém na rua. Depois de 21 minutos, chegamos em segurança no aeroporto. Esperamos 5h30 para o embarque”. 

Dentro da aeronave, mais medo. Como seria a segurança para a saída do espaço aéreo de Israel? Lelo conta que a tensão era total. O avião voou em baixa altitude e, quando entrou na Jordânia, o alívio era evidente no rosto dos passageiros. “Foi a melhor sensação da vida”, compartilha.

“Tenho que agradecer à minha amiga Deborah Segalovich. Ela mora em Israel e me ligou no dia da primeira explosão para me falar sobre a gravidade do que estava acontecendo. Me ajudou demais”, afirma.

Repercussão na internet
Assim que os ataques começaram, Lelo começou a compartilhar vídeos em seus stories. Ele mostrou os aviões sobrevoando Tel Aviv, as sirenes tocando e os hóspedes do hotel no bunker.

Foto: Reprodução/Instagram
Fotos: Reprodução/Instagram,

Ao GPS, o agropecuarista conta que, apesar das milhares de mensagens positivas que recebeu, algumas foram críticas pela maneira como estava se comportando. 

“Fico com pena de quem dá palpite sobre uma situação como aquela. As pessoas estavam criticando o fato de eu estar bebendo e rindo com a minha família. Foi essa minha conduta que me salvou. Meu pai tem 75 anos, minha mãe tem pressão alta e meu irmão sofre de síndrome do pânico. Eu era a única base naquela situação. Minha irmã estava sozinha no Brasil desesperada. Eu tinha de passar tranquilidade para quem estava perto de mim”. 

Outras experiências de vida ou morte
Lelo estava em Paris durante os atentados de 2015, quando houve fuzilamentos em massa, atentados suicidas, explosões e pessoas foram feitas reféns.

“O clima era o mesmo que estava em Israel. Era dia de semana e Paris estava vazia, tudo estava fechado. Mas, mesmo assim, nada se compara com o que eu passei agora”, conta.

Os últimos dois anos também foram difíceis para sua família. Em 2022, sua mãe teve um AVC e se recuperou sem sequelas. Logo depois, Marco pegou uma bactéria e ficou em estado grave na UTI. Ao mesmo tempo, teve o diagnóstico de Covid. 

Assim que saiu do hospital, veio a notícia de que seu pai estava com câncer no fígado. Foi operado e se recuperou da doença. 

“Agora, depois que estava tudo bem, quis ir a Jerusalém para agradecer a vida. Mesmo depois dessa situação, não estamos desanimados. Minha mãe já comentou que, quando isso tudo acabar, quer que eu a leve outra vez a Israel. É o sonho dela e estou aqui para realizar os desejos da minha família”. 

Nesta quarta-feira (11), Lelo, seu irmão e seus pais estão em Dubai. O retorno para o Brasil está marcado para a próxima sexta-feira (13). “Agora estamos em clima de festa. Estou doido para voltar a trabalhar, ir para a minha fazenda, cuidar dos meus animais, fazer os preparativos de solo para o plantio desta safra que está chegando e continuar a vida”