Redação GPS Há setenta anos, a coroação de um monarca não acontecia. A cerimônia, sempre bem coreografada, trata-se de uma expressão da cultura e da história do Reino Unido. Usado de inspiração para os filmes fictícios criados por Walt Disney, o universo dos reis e rainhas pode ser traduzido como um conto de fadas da vida real, na verdade, uma história que passa a impressão de ser quase surreal.
Entre apoiadores e parte dos britânicos que não aprova a continuidade da monarquia, o ritual milenar foi uma mescla de tradição e modernidade, apesar dos 74 anos do rei. Com menos pompa, ao contrário da última coroação, realizada em 1953, o evento foi mais reduzido, em resposta à crise do alto custo de vida que assola o país.
Ao lado de Camilla, o monarca chegou à Abadia de Westminster, às 6h50, no horário de Brasília, para dar início à cerimônia. O trajeto entre o Palácio de Buckingham e Westminster durou aproximadamente trinta minutos — percurso mais curto do que o de Elizabeth II, em 1953.
Entre os acontecimentos inéditos, na ida para a Abadia, Charles e Camilla optaram pela carruagem utilizada no jubileu de diamante, mais confortável. Feita na Austrália e usada pela primeira vez por Elizabeth II em 2014, a mais moderna das cavalariças reais é equipada com ar-condicionado, vidros elétricos e estabilizadores que impedem que ela balance.
Já na volta para o Palácio, foi a hora da tradicional carruagem de ouro, confeccionada em 1762 para levar reis e rainhas, fazer sua aparição. Ela foi usada em todas as coroações desde 1831.
Cerca de quatro mil integrantes das forças armadas britânicas participam da comitiva. Eles foram acompanhados de soldados de mais de trinta países da Commonwealth e, assim, tornaram o dia ainda mais marcante, afinal, formaram uma das maiores procissões militares do Reino Unido em décadas.
As inovações não pararam por aí. O evento contou com a presença de líderes religiosos de todas as vertentes, que cumprimentaram o rei na saída da Abadia.
Como falar da coroação sem falar sobre a “joia” principal? Entre os símbolos que representam a figura dos reis e rainhas está ela, o retrato do poder. Na saída da Abadia, Charles usou a coroa do Estado Imperial, feita para o rei George VI, em 1937, inspirada na criada para a rainha Victoria, em 1838. O item contém 2.868 diamantes, 17 safiras, 11 esmeraldas, quatro rubis e 269 pérolas. Já em um segundo momento, rei e rainha vestiram a Gold State Coach, usada pela primeira vez pelo rei George III, em 1762, para Abertura do Parlamento.
Ao som de God Save the King, ecoado por todos os cantos do país, o evento foi um mix de momentos mais sérios e, ao mesmo tempo, mais descontraídos.
A dúvida na cabeça de muitas pessoas era a presença de Harry. Sem Meghan, o filho mais novo do rei sentou-se sozinho entre os convidados, na terceira fileira. Como o esperado, o ruivo não participou na aparição emblemática na sacada do Palácio e, logo em seguida do evento, voltou para a Califórnia para comemorar o aniversário de quatro dos do seu filho Archie.
Lady Di é eterna. Isso não deixa dúvidas. Ainda mais quando, nas redes sociais, no dia da coroação do rei, um dos tópicos mais comentados é a princesa, morta em 1997. Com certeza, esse fato é um dos responsáveis pela desaprovação de Camilla por muitos.
Por falar na atual rainha, que vestia o mesmo colar de 25 diamantes usado por Elizabeth II em sua coroação, mais uma polêmica a cercou neste sábado. Ao contrário da vontade da mãe de Charles, Camilla recebeu o título de rainha do Reino Unido, e não consorte — denominação dada à esposa do soberano, destacando sua ausência na linhagem real oficial.
Estava sentindo falta de Kate nessa matéria, né? O que a Princesa de Gales veste sempre é assunto. Desta vez, na coroação, ela optou por um vestido branco em crepe seda assinado por Alexander McQueen. Porém, o destaque ficou para a tiara, também de Alexander, feita de prata e cristais. Para combinar com a mãe, princesa Charlotte vestiu mesma headpiece, em tamanho menor.
Como de costume, Kate homenageou a sogra. Dessa vez, o tributo foi realizado com os brincos de pérolas que pertenceram à Diana, e que foram ligeiramente modificados para Middleton.
Depois de uma vida inteira esperando por esse momento, finalmente, Charles participou do rito de passagem, firmando seu compromisso com a Coroa. Em seu primeiro ano de reinado, no entanto, o monarca terá de enfrentar importantes desafios que podem determinar o futuro da Família Real e sua relevância na sociedade moderna.
A cerimônia simboliza a abertura oficial do Parlamento. E, para que os londrinos possam comemorar a ocasião em grande estilo, os pubs e bares ficarão abertos até mais tarde neste sábado, 6, e na próxima segunda-feira, 8, será feriado.
