Débora Oliveira O mundo da moda sofreu uma grande perda nesta quinta-feira (4), com a morte de Giorgio Armani. Nascido em Piacenza, na Itália, em 11 de julho de 1934, inicialmente, o desejo do empresário era de seguir a carreira médica. Ele ingressou no curso de medicina da Universidade de Milão, mas, após três anos de estudos, interrompeu a formação para atender ao chamado militar. No exército, atuou em um hospital, experiência que marcou sua juventude antes de qualquer ligação com o universo da moda.
De volta à vida civil, em Milão, Armani encontrou novas oportunidades ao trabalhar como como vitrinista e balconista na tradicional loja de departamentos La Rinascente, onde teve contato direto com tecidos importados e tendências internacionais que começavam a chegar à Itália. Antes de se tornar um designer, atuou como assistente de fotógrafo e no departamento de promoções de uma agência de moda, o que ampliou sua visão estética de práticas sobre estilo, imagem e consumo.
O grande salto na carreira de Giorgio veio em 1965, quando foi contratado por Nino Cerruti para redesenhar as linhas masculinas da marca, permanecendo na empresa por dez anos. O sucesso nesse período abriu caminho para que Armani atuasse como designer freelancer e consultor de moda, experiência decisiva que preparou o terreno para a criação de sua própria grife, projetando-o rumo ao reconhecimento internacional pela sofisticação e modernidade de seus trabalhos.
A primeira vez que o nome Giorgio Armani apareceu oficialmente no mercado foi em 1974, ao assinar a linha Armani by Sicons para uma marca de roupas de couro. No ano seguinte, em 24 de julho de 1975, nasceu formalmente a Giorgio Armani S.p.A., com o sócio Sergio Galeotti, estreando com uma coleção prêt-à-porter para homens e mulheres.
O designer apresentou em Florença, na Sala Branca, uma coleção que destacou-se pela inovação, com jaquetas desestruturadas e peças casuais que romperam com a rigidez da moda da época, marcando o início de uma trajetória de conquistas e solidificando Armani como um nome de referência mundial.
A expansão da marca não demorou a ganhar força. Armani diversificou seu portfólio ao longo das décadas, criando linhas de perfumes, acessórios, bolsas, decoração e coleções esportivas. Parcerias estratégicas impulsionaram o crescimento, como o acordo com o Grupo Zegna, em 2000, para a produção da Armani Collezioni, e a colaboração com a Safilo, em 2002, que resultou nos óculos da linha Emporio Armani.
O estilista também inovou ao ser um dos primeiros a vestir celebridades em tapetes vermelhos, fortalecendo o vínculo entre moda e cultura pop. O impacto financeiro também refletiu esse prestígio. Em 2017, a grife faturou mais de US$ 1,6 bilhão e, em 2021, a revista Forbes estimou a fortuna pessoal de Giorgio Armani em US$ 7,7 bilhões, colocando-o entre os empresários mais ricos do mundo.
Além da moda, o italiano investiu em outros segmentos, como o esporte, tornando-se dono do time de basquete italiano Olimpia Milano. Sua notoriedade também cresceu no cinema quando ganhou projeção internacional ao assinar os figurinos do filme Gigolô Americano (1980), estrelado por Richard Gere.
