O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), voltou a criticar, de forma aberta, a atuação do ex-juiz Sergio Moro, atualmente senador pelo União Brasil do Paraná, no decorrer da Operação Lava Jato. O agora senador reagiu (veja abaixo).
Durante entrevista ao UOL, o magistrado também cobrou celeridade para que a Suprema Corte chegue a um entendimento sobre a matéria dos “juízes de garantia”, que prevê separação no julgamento de quem colhe as provas daqueles que analisam o processo.
“No Brasil, a gente também descobre uma outra questão, que mostra nessa participação do Moro, na contratação dessa empresa americana, e que depois vai contratá-lo, a gente descobre o quê? Que os ‘combatentes da corrupção’ gostam muito de dinheiro. É uma coisa curiosa“, disse.
O ministro se referiu ao conflito de interesses na contratação de Moro pela empresa Alvarez & Marsal, momentos depois do ex-ministro ter deixado o governo Bolsonaro. A consultoria prestou serviço para investigadas da Lava-Jato.
Veja:
“Nojo”
Mendes reforçou as críticas à atuação dos integrantes da extinta força-tarefa e disse ter “nojo” do que foi revelado pela chamada “vaza jato”, série de reportagens coordenada pelo jornalista Leandro Damori que revelou supostas combinações entre Moro e integrantes do Ministério Público Federal (MPF). Os diálogos nunca foram desmentidos.
“Esse envolvimento, de cooperação que nós vimos, que é o caso mais escandaloso que se conhece, e tudo o que sai daquilo enoja, é nojento. Denúncia que era submetida ao ‘russo’ antes, para ele dizer: ‘acrescenta isso, acrescenta aquilo’. Indicação de testemunhas: ‘você esqueceu de chamar fulano’“, emendou.
Após a repercussão, Moro foi para o Twitter se defender das acusações. Afirmou que o entrevistador seria “petista” e que o magistrado endossou “mentiras e ofensas pessoais”.
“As afirmações do ministro Gilmar Mendes feitas a um jornalista petista vão além de opiniões. São mentiras e ofensas pessoais absolutamente desarrazoadas. Repudio a violação ao decoro judicial, ao tempo que registro meu apreço ao STF e à profissão de magistrado, que exerci com dedicação ao longo de 22 anos. Aproveito, ainda, para agradecer aos Ministros da Corte que, desde a semana passada, enviaram mensagens de solidariedade a mim e a minha família após a descoberta do plano do PCC”, escreveu.