Na última segunda-feira, 20, o Centro Cultural Banco do Brasil Brasília (CCBB) recebeu a mescla ítalo-brasileira com a exposição Fotógrafos Italianos – No Florescer da Fotografia Brasileira. Com 90 registros fotográficos, a mostra traz fotos clicadas entre os meados do século XIX e o início do século XX. Os responsáveis foram fotógrafos italianos, que se destacaram como verdadeiros pioneiros da oitava arte em momentos de transição do Brasil.
A exposição é uma colaboração com o Instituto Italiano de Cultura do Rio de Janeiro e a curadoria é de Livia Raponi e Joaquim Marçal Ferreira de Andrade. A vernissage realizada na noite de segunda, 20, em parceria com a Embaixada da Itália, contou com a presença de diversas personalidades da sociedade brasiliense, além de embaixadores e embaixatrizes de outros países e autoridades como o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Antônio Anastasia.
“Trata-se de um aspecto muito pouco conhecido da presença italiana no país. De fato, é surpreendente saber que, naquela época, da Amazônia ao Rio Grande do Sul, da Paraíba ao Rio de Janeiro, da Bahia ao Pantanal, esses brilhantes artistas-migrantes registravam com maestria técnica e olhar refinado os habitantes, as cidades e a natureza de um Brasil em rápida e intensa transformação”, afirmou Livia Raponi, além de curadora, diretora do Instituto Italiano de Cultura do Rio de Janeiro.
Apesar de muitos fotógrafos italianos terem passado por terras brasileiras no recorte temporal escolhido, a exposição traz nove personagens que brilham pelas trajetórias
singulares e pela qualidade poética e visual de suas obras: Luiz Terragno, Camillo Vedani, João Firpo, Ermanno Stradelli, Nicola Parente, Guido Boggiani, Vincenzo Pastore, Virgilio Calegari e Luís Musso.
As obras desses artistas trazem a realidade de diversos “brasis” de meados do século XIX e início do século XX. Entre casas imperiais, recente fim da escravidão e realidade da população indígena, os fotógrafos mostram por meio de registros arquitetônicos, mas sempre com a presença humana, como era o país daquela época ou então os “brasis” daquele período.
O trabalho dos fotógrafos-viajantes Guido Boggiani e Ermanno Stradelli, por exemplo, documentam o Brasil indígena e mostra um território completamente amigável e pacífico, diferentemente do que as autoridades falavam na época. Boggiani conviveu intensamente com os povos Chamacoco e Kadiwéu da região fronteiriça com o Paraguai, deixando maravilhosos retratos de homens e mulheres, com atenção especial a suas pinturas faciais e corporais.
Já Ermanno Stradelli participou de 13 expedições na Amazônia brasileira. Por lá, documentou a floresta, os rios, as aldeias indígenas e seus habitantes. O aporte principal do fotógrafo foi o registro da expedição conhecida como Pacificação dos Crichanás (1884), capitaneada pelo cientista João Barbosa Rodrigues. Stradelli atuou neste caso como o repórter de uma missão de primeiro contato entre representantes do poder público e indígenas isolados. As imagens realizadas nesta ocasião terão destaque no percurso expositivo.
Além da exposição, os curadores traduziram a pesquisa com as fotos italianas em livro. Trajetórias e olhares marcantes no florescer da fotografia no Brasil foi publicado em 2022 pela Editora Unesp. No impresso é possível conhecer de forma mais profunda os objetos que estão expostos na Galeria 4 do centro cultural.
“Vendo o trabalho desses fotógrafos, que registraram com seu olhar e seu equipamento as múltiplas paisagens de sua pátria escolhida, temos a certeza de que a documentação
iconográfica produzida por eles é de imenso interesse para a historiografia e a antropologia brasileiras, como também para a história das relações culturais Itália-Brasil”, afirmou o embaixador italiano Francesco Azzarello.
Serviço
Fotógrafos Italianos, no florescer da fotografia brasileira
Local: Centro Cultural Banco do Brasil Brasília
Endereço: SCES Trecho 02 Lote 22 – Edif. Presidente Tancredo Neves – Setor de
Clubes Espacial Sul – Brasília – DF
Telefone: 61 3108 7600
Visitação: de 21 de março a 04 de junho de 2023
Horários: de terça-feira a domingo, das 9h às 20h30
Entrada gratuita: retirada de ingresso no site bb.com.br/cultura
Classificação indicativa: livre
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