Desde essa quinta-feira, 5, o drama francês Os Filhos dos Outros (Le enfants des autres) já está disponível nas telinhas para o público. Dirigido por Rebecca Zlotowski, o filme conta a história de uma mulher que anseia ter um filho após começar a conviver com a filha de seu namorado. Dentre os prêmios que já foi indicado, o longa-metragem esteve no Festival de Veneza de 2022.
Virginie Efira interpreta Rachel, a personagem principal. Segundo a atriz, o que atraiu sua atenção para a personagem foi a ideia da diretora de trazer um ponto de vista raramente explorado no cinema. “A figura da madrasta, aquela que cuida dos filhos dos outros, costuma ser uma personagem secundária. Rebecca decidiu trazê-la para o primeiro plano e examinar o vínculo entre um personagem periférico e uma família ‘adotada’. Ao mesmo tempo que aborda também a questão da feminilidade”, comenta Efira, que venceu a categoria de Melhor Atriz por esse papel no Lumière Awards 2023, uma das principais premiações da França.
A atriz conta ainda que a parceria com a diretora, no filme, foi fundamental para a construção da protagonista. “Muitas vezes, quando você conhece um personagem, você sente que o diretor pode estar falando sobre ele mesmo, mas também sobre você. Rebecca e eu discutimos o que nos conectou, o que queríamos realizar e por quê. Quando filmamos este longa, algo de especial logo surgiu.”
Essa relação próxima e de empatia da atriz com Rachel foi essencial para que a cineasta pudesse escrever um roteiro mais franco possível, e também inspirado em suas vivências pessoais. “Comecei adaptando o romance ‘Your Ticket Is No Longer Valid’, de Romain Gary, que escancara a impotência de um homem. Mas algo não parecia certo. Não porque eu não conseguisse me projetar nele, mas talvez porque eu conseguisse me identificar demais. Aos poucos fui reconhecendo a minha própria impotência, a de uma mulher de 40 anos, sem filhos, que quer um, e, em partes, cria os de outra mulher. Uma madrasta sem ser mãe. Esta situação foi o ponto de partida de uma história digna de ser contada”, descreve Rebecca Zlotowski sobre o filme.