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Músico e compositor brasileiro, Ivo Senra integra trilha de filme com Anthony Hopkins

Do cenário musical brasileiro a Hollywood, músico fortalece sua carreira em trilhas sonoras

O músico e compositor brasileiro Ivo Senra conquistou mais um espaço no cinema internacional. Radicado em Los Angeles desde 2021, ele integra a equipe responsável pela trilha sonora do longa Eyes in the Trees, protagonizado por Anthony Hopkins e dirigido por Timothy Woodward Jr. A produção, ainda sem data de estreia, promete unir suspense e ficção científica, apoiada pela atmosfera criada por meio dos sintetizadores, especialidade de Senra.

“Fui convidado pelo produtor e compositor Daniel Figueiredo para integrar a equipe de trilha sonora devido à minha especialidade com sintetizadores – uma habilidade rara na indústria, até mesmo nos Estados Unidos, onde ainda existem poucos profissionais habilitados a executarem essa função”, explicou o artista.

Ivo iniciou sua carreira nos anos 2000, no Rio de Janeiro, e já acumula experiências em diferentes frentes da música. Em 2022, venceu o Golden Lion, em Cannes, com a peça publicitária Deloitte’s Prevention Grid – Sustainability. Desde então, seu nome passou a ser cada vez mais associado às produções audiovisuais, atuando em projetos de grande porte. 

Entre os projetos que Senra já atuou, o documentário Lula (2024), de Oliver Stone, no qual trabalhou como produtor da trilha sonora original, e a animação Arca de Noé (2024), produzida por Walter Salles, onde contribuiu como compositor e orquestrador adicional.

Além disso, o brasileiro colaborou com nomes de destaque da indústria, como Heitor Pereira, em diversas trilhas originais, e Hugo de Chaire, compositor britânico premiado, em filmes como The Conqueror: Hollywood Fallout (2024) e The Ghost Trap (2024).

No cinema, o músico evidencia seu trabalho com orquestrações híbridas e sons eletrônicos, combinando texturas contemporâneas ao repertório clássico da composição. “Acho que minha persistência em me manter artisticamente ativo e não apenas cumprir uma função musical no mundo é o que me diferencia. Tenho fascínio por explorar novas possibilidades dentro da trilha sonora”, afirmou.

Trajetória de Ivo da cena musical do Brasil para as telas do cinema

Há 25 anos, Ivo Senra já despontava como um nome versátil da música brasileira, atuando como instrumentista, produtor de álbuns e shows. O reconhecimento veio cedo, em 2010, venceu o Prêmio da Música Brasileira na categoria Melhor Álbum de Música Eletrônica com Lá Onde Eu Moro, de João Hermeto, produzido ao lado de Marcos Suzano.

Dessa base sólida, Senra expandiu sua atuação para a música experimental ao fundar o Coletivo Chama, grupo que ganhou projeção internacional por levar a música contemporânea brasileira ao exterior. Entre 2013 e 2017, a formação se apresentou anualmente em Nova York, integrando a programação do Winter Jazz Festival, um dos mais relevantes do gênero.

O impacto ultrapassou fronteiras. Em 2015, o coletivo encerrou a XXI Bienal de Música Contemporânea da Funarte com canções de Mário de Andrade, feito inédito para músicos de vertente popular. “O termo Third Stream surgiu nos Estados Unidos há alguns anos e já foi explorado por outros músicos brasileiros, como Egberto Gismonti e Yamandu Costa. No entanto, tivemos a oportunidade de levar essa fusão musical para o Brasil em grande estilo, especialmente por meio de nossa apresentação na Bienal de Música Contemporânea, um marco inédito no evento”, considera Ivo.

Paralelamente, Senra assinou produções para artistas como Thiago Amud, Pedro Sá Moraes, Gabriel Moura, Caio Prado e Carol Naine, além de performances ao vivo com nomes como Romero Lubambo e Seu Jorge. Também participou da produção especial de uma faixa do álbum comemorativo de 35 anos de carreira de Elba Ramalho.

A carreira internacional veio em sequência. O músico apresentou-se em festivais nos Estados Unidos e Canadá, colaborando com artistas como Dianne Reeves, Nels Cline e Bob Franceschini. Foi nesse circuito que surgiu o convite de Heitor Pereira, compositor de trilhas sonoras de animações globais como Minions e Meu Malvado Favorito.

“Acabei assumindo funções de direção musical desse concerto, ajudando Heitor Pereira a estruturá-lo. A partir disso, ele me convidou para integrar seu time no Remote Control, complexo de estúdios de Hans Zimmer, em 2019. Foi quando me mudei para Los Angeles e comecei a trabalhar como compositor, arranjador e orquestrador de cinema”, relembra Ivo, que desde então colaborou em produções como Minions 2 e O Gato de Botas: O Último Pedido.

Hoje, transitando entre a música experimental, popular e o cinema, Ivo Senra consolida-se como um dos nomes brasileiros mais atuantes no mercado audiovisual internacional. Para ele, a persistência segue sendo a chave da trajetória artística. “Se alguém que vive de arte disser que foi fácil ou está mentindo ou é louco. Trabalhamos com algo muito novo, provocativo, inovador. O artista precisa aprender a sobreviver a isso”, comenta. 

 

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Edição 42

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