A Netflix, assim como toda indústria do entretenimento, é entusiasta das refilmagens e não deixa passar a oportunidade de contar uma história antiga para novas audiências. A mais recente aposta da plataforma nesse nicho é ‘O Salário do Medo’, remake do filme de 1953, um clássico francês. Em três semanas, a produção alcançou 5,8 milhões de visualizações globalmente, de acordo com dados da própria empresa computados até 14 de abril.
O longa original foi adaptado pelo cineasta Henri-Georges Clouzot a partir do romance homônimo de Georges Arnaud, publicado em 1950. Na época, faturou prêmios importantes do cinema: o Urso de Ouro no Festival de Berlim, a Palma de Ouro no Festival de Cannes, e o BAFTA de melhor filme.
Na trama, quatro europeus desafortunado são contratados por uma petrolífera americana para transportar um material explosivo, necessário para extinguir um incêndio em um poço localizado em uma região pobre, em algum país não especificado da América Latina. O caminho até lá é por estradas de terra nas montanhas, e a missão parece impossível.
A versão do também francês Julien Leclercq – um expert em produções de ação – com a Netflix parte da mesma premissa. Um grupo de estrategistas (incluindo um homem com passado criminal e uma mulher com experiência no transporte de vacinas) precisam levar dois caminhões com nitroglicerina até uma área de refugiados em 24 horas, passando por um deserto cheio de ameaças letais. Minas explosivas e rebeldes armados são os obstáculos para conquistar uma recompensa milionária. O elenco conta com Franck Gastambide, Alban Lenoir, Ana Giradot e Sofiane Zermani.
Atualizar a história para o público atual significou, para Leclercq, criar novos personagens com motivações próprias e, principalmente, papéis femininos.
Enquanto o filme original é saudado como uma das grandes criações do cinema moderno, alçado ao posto de clássico, o remake da Netflix não recebeu muita atenção da crítica especializada. Pela temática acelerada e ambientação desértica, foi comparado às franquias Velozes e Furiosos e Mad Max. Mas nem trabalhando com cores e efeitos especiais conseguiu chegar ao patamar de O Salário do Medo de 1953: faltaram a carga emotiva e a ambiguidade moral que são essência da trama.
O filme já havia ganhado uma refilmagem no final dos anos 1970: o americano O Comboio do Medo, de William Friedkin, que foi um fracasso de bilheteria.