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No DNA da família: histórias de filhos que seguiram a carreira dos pais

Brasilienses que têm a mesma profissão de seus pais compartilham relatos emocionantes com o GPS|Brasília

Alguns filhos foram criados imersos no universo profissional dos pais. Inspirados pelo exemplo que viram de perto, um cresceu entre partituras e ensaios, sustentando o mesmo amor pela música que guiou seu pai; outros, aprenderam cedo a lógica e a paixão que movem um tribunal. Há, ainda, aquele que absorveu, desde jovem, a visão estratégica e a determinação necessárias para conduzir um grande negócio.

Ao chegarem à vida adulta, descobrem, então, que esses diferentes ambientes já eram intrínsecos a eles, não apenas como memórias afetivas, mas como fundamentos que moldaram suas escolhas e trajetórias profissionais. Especialmente para o Dia dos Pais, reunimos relatos de filhos e filha que escolheram seguir os passos da pai, escrevendo histórias que mostram como o talento, a dedicação e o amor pela profissão podem atravessar gerações e criar não apenas carreiras, mas legados familiares.

Música

Filho de Kiko Peres, guitarrista do grupo brasiliense Natiruts, Gabriel Peres desde cedo se viu cativado pela mesma paixão. O contato diário com a música e o ambiente agitado dos bastidores fizeram com que a arte se tornasse uma linguagem natural em sua vida. Hoje, atuando como baterista profissional na banda Aguaceiro, ele leva adiante não apenas a técnica, mas o sentimento que aprendeu em casa: a música como forma de expressão e de conexão com o mundo.

A música está em mim desde antes de eu nascer. Entre as minhas primeiras memórias eu me lembro de escutar música e constantemente ver meu pai tocar”, relembra Gabriel. “Quando bebê, eu já tinha uma bateria de brinquedo, e meu primeiro instrumento foi o piano, quando eu tinha uns sete anos. Depois de dois ou três anos, eu quis tocar guitarra igual meu pai, o que acabou não indo muito pra frente na época. Mas eu acho que sempre quis ser músico, desde pequeno, porque não lembro de realmente ter vontade de ter nenhuma outra profissão”, admite

No DNA da família: histórias de filhos que seguiram a carreira dos pais

Mas foi em 2010, após ganhar de um tio uma bateria de videogame, que começou a tocar para valer. No ano seguinte, já fez a sua primeira gravação em estúdio, para uma música de um novo álbum de seu pai. “A partir dali eu já tinha certeza que era isso que eu queria fazer pro resto da vida”, afirma o baterista. 

Já na visão do pai, foi natural que o filho tivesse essa paixão pela música desde cedo. “Eu o levava para passagens de som, aos shows… Então foi natural que ele desenvolvesse esse amor. Mas não necessariamente eu achei que ele se tornaria um profissional da área, muito por saber, desde pequeno, as dificuldades de viver só da música”, destaca. “Ele sempre procurou ter um plano ‘B’ e por isso formou-se em publicidade, o que me deixou muito orgulhoso, porque eu não terminei a faculdade e a minha alternativa, fora tocar na noite e ser músico de estúdio, era continuar na música, dando aulas de guitarra”, revela Kiko.

Para ele, dividir o palco com o filho é sempre bom, muito pelo fato de terem o gosto musical parecido. “Hoje em dia vejo que ele curte mais rock clássico do que eu, mas tocamos com a mesma paixão, por isso é tão legal. Já dividimos o palco diversas vezes, especialmente no Tributo ao Led Zeppelin, do qual faço parte desde antes de entrar no Natiruts”, conta.

Sobre essa experiência, Gabriel relembra que nas primeiras vezes ficava nervoso ao tocar ao lado do pai e dos outros experientes músicos da banda. “Mas a sorte é que Led é minha banda favorita, e eu já escutei tudo tantas vezes que eu sabia a maioria das músicas de memória. Uma vez que meu nervosismo foi superado, começamos a ficar cada vez mais alinhados e se tornou fácil e divertido fazer esses shows juntos”, afirma.

A memória mais marcante de Gabriel com o pai, no entanto, envolve um lugar icônico de Brasília: o Teatro Nacional Claudio Santoro. “A maior lembrança que tenho é de quando ia ver meu pai tocar no Teatro Nacional. Me lembro muito de andar pelo teatro, ver as áreas do backstage e acompanhar os shows. Não são memórias de algum acontecimento específico, mas de muitos momentos vividos ali no teatro, que ainda é um dos meus lugares preferidos”, confessa.

Baterista profissional há mais de dez anos, ele conta que muito do que sabe, do que acredita e do jeito que gosta de fazer as coisas musicalmente vem de seu pai. “Quanto à construção da carreira e ‘o que fazer’, ele sempre deixou que eu buscasse mais meu próprio caminho ao invés de tentar me botar em um caminho pré-definido, algo pelo qual sempre fui agradecido”, revela. “Ele mesmo, desde o começo, falou que não faria algo acontecer pra mim, que eu mesmo deveria alcançar isso. Sempre achei isso muito bom”, comenta.

Vivemos trocando conhecimentos e curiosidades sobre nossas bandas e artistas preferidos. Mas fora da música, eu diria que somos bem diferentes. Somos próximos no sentido de sermos bem amigos, mas em termos de personalidade, gostos, opiniões e jeitos de agir, eu diria que somos mais diferentes do que próximos, o que acho ótimo também”, conclui o baterista.

No DNA da família: histórias de filhos que seguiram a carreira dos pais

Advocacia

Enquanto alguns cresceram entre notas e melodias, outros tiveram como trilha sonora audiências e argumentos cuidadosamente construídos. É o caso de Pedro e Luanna Perdiz, que acompanhavam desde cedo o dia a dia no escritório do pai, José Perdiz de Jesus, absorvendo tanto a disciplina quanto o fascínio pela defesa da justiça. 

Iniciei a advocacia em 1991, antes do casamento e nascimento dos meus filhos. Toda a família sempre ouviu falar de direito e leis no café da manhã, almoço e jantar. Então acredito que o assunto relativo à minha profissão influenciou a escolha dos meus filhos em cursarem a faculdade de Direito e desejarem trabalhar em um escritório de advocacia”, revela o pai.

Luanna, a filha mais velha, conta que desde seus 14 ou 15 anos, teve a certeza de que queria seguir os passos do seu pai. “Percebi que deveria escolher uma carreira alinhada ao meu perfil e à minha personalidade – mais comunicativa, apreciadora de debates, apresentações, leitura e escrita – e não algo voltado a trabalhos manuais, artísticos ou que envolvesse cálculos”, explica

“Eu e meu pai temos muitas semelhanças: perfil comunicativo, gosto pelo convívio social, foco nos objetivos e resiliência. Então tem sido uma experiência muito enriquecedora trabalhar com ele. Sou muito grata a Deus por aprender diariamente com ele, que é um ótimo líder, está sempre disposto a ensinar e esclarecer dúvidas e compartilhar exemplos práticos de situações e desafios enfrentados ao longo de seus mais de 30 anos de carreira. Além disso, ⁠estar ao lado dele no dia a dia da profissão fortalece também a nossa relação familiar, marcada por respeito, confiança e honra de ambos os lados”, afirma.

No DNA da família: histórias de filhos que seguiram a carreira dos pais
No DNA da família: histórias de filhos que seguiram a carreira dos pais

Já Pedro, o caçula, relembra o momento em que entendeu que queria seguir a carreira de seu pai: “Eu percebi que queria seguir os passos dele quando percebi o bom reconhecimento que ele tem entre os clientes e amigos. O que mais me inspira em sua trajetória é o respeito que ele adquiriu entre todos do meio jurídico”, destaca.

Lembro quando fui ao escritório do meu pai uma vez, ele me ensinou a dar um nó de gravata e disse que aquele seria meu uniforme de trabalho e, de certa forma, uma armadura para ir ao ‘combate’ na advocacia”, relembra. Agora já trabalhando lado a lado com o patriarca da família, ele conta que a cada dia que passa, se inspira ainda mais em seu pai. “Ele é uma escola e sinto que cada dia que passa eu cresço profissionalmente graças a ele. Nós nunca tivemos problema nenhum com a mistura do lado pessoal e profissional, e acho que isso se deve muito a ele, por ter a sabedoria de dividir perfeitamente as duas coisas”, reflete.

“A cada dia no escritório e na profissão, eu tenho a ambição de me tornar um advogado igual a ele. Eu, por ser filho dele e poder trabalhar junto com ele, vejo como seu coração é bom e sua conduta, ilibada”, observa.

Já Luanna revela que o que mais a inspira na trajetória de seu pai são os valores que o guiam: honestidade, transparência, respeito e ética. E relembra de um valioso conselho que recebeu de seu pai, que nunca mais esqueceu: “Não abra mão dos seus valores no exercício da profissão, pois nenhum dinheiro vale mais do que poder chegar em casa e dormir com a consciência tranquila”.

No DNA da família: histórias de filhos que seguiram a carreira dos pais
No DNA da família: histórias de filhos que seguiram a carreira dos pais

Empresariado

Por fim, na casa de Phelipe Matias, o cenário era outro: reuniões, planejamentos, metas e decisões que ditavam o rumo de um negócio familiar. Filho de Antonio Matias, empresário respeitado no ramo de combustíveis e energia em Brasília, ele aprendeu cedo a importância da visão estratégica e da perseverança. 

Logo na adolescência já sentia muito prazer em comprar e vender. Acho que foi nesse período que percebi que tinha tino para o comércio. Passei a observar meu pai, que sempre foi uma referência e um herói para toda a nossa família, procurando aprender ao máximo todos os seus movimentos”, conta Phelipe, que aprendeu com o pai a importância de ser honesto e prezar por um contrato bem feito, além de estar sempre próximo de seus negócios.

Mesmo aos domingos ou feriados, quando ele nos levava para passear, sempre fazia uma parada em algum posto de combustível para verificar como estava o trabalho da equipe”, relembra o filho. 

No DNA da família: histórias de filhos que seguiram a carreira dos pais

Já Antonio conta que incentivou Phelipe a seguir sua carreira, pois já conhecia bem o ramo e sabia dos caminhos e desafios que ele enfrentaria. “O filho tende a seguir os passos do pai, e com o Phelipe não foi diferente: um homem ativo, trabalhador, empreendedor e honesto. Desde muito jovem, iniciou sua trajetória como empresário”, comenta.

Ele sempre teve sucesso em tudo o que faz, graças às qualidades que carrega: trabalha muito, é dedicado e o retorno tem sido compensador. Lembro de uma noite marcante, quando o Phelipe e o Raphael, seu irmão, se sentaram ao meu lado e disseram que não queriam mais continuar os estudos em Engenharia – já estavam no segundo ano -, e que preferiam se dedicar ao trabalho. Naquele momento, ambos já eram formados em Administração de Empresas e Finanças, e estavam decididos a colocar em prática o que haviam aprendido. Peguei uma quantia em espécie e entreguei a eles. Foi ali que tudo começou”, relembra. 

Facilitei tudo o que foi possível, sempre orientando com firmeza e valores. Dizia a ele: ‘Nunca deva a ninguém. Comprou, pague. Tem dinheiro, compre; não tem, não compre’. Essa foi a base que ensinei, e que ele carrega até hoje”, afirma.

Para Phelipe, é um privilégio enorme trabalhar com o pai, “pois tenho um verdadeiro professor ao meu lado todos os dias”, acredita. “Tentamos separar o lado profissional do pessoal, mas é difícil, pois existe amor envolvido. Acredito que seguir sua carreira me aproximou muito mais dele como pessoa e fortaleceu ainda mais nossa relação. Me considero um felizardo por dar continuidade ao trabalho dele, que foi construído com muito suor e dedicação.”, conclui.

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Edição 42

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