Fernanda Gonzaga fala sobre sua relação com a poesia

Nesta quinta-feira, 20 de outubro, celebra-se o **Dia do Poeta**, aquele profissional que domina a arte de compor ou escrever versos. “_Poesia não é para compreender, mas para incorporar. Entender é parede: procure ser árvore_”, escreveu Manoel de Barros, um dos escritores favoritos de **Fernanda Gonzaga**, poetisa brasiliense e colunista do **GPS**.

Advogada de formação e atuação, ela divide seu tempo entre o Direito e a Literatura, e prepara-se agora para o lançamento de seu segundo livro de poesias, **_Antes de ler, amor_**, no dia 9 de novembro. “_A poesia ocupa um status de **liberdade** para mim, forma de cura, de entender o meu próprio processo em diversas áreas da minha vida_”, explica.


**Como tudo começou**

Apesar de vir de uma família conectada profundamente com o Direito, Fernanda também se inclinou para o lado artístico por influência de seus pais, Admar Gonzaga Neto e Sonia Gontijo Chagas, tios, avós e irmão, o ator Henrique Gonzaga. “_Toda a minha família tem uma **expressão artística muito forte**_”, conta ela, que começou a escrever aos **13 anos** de idade, quando passava por um momento difícil em sua vida.

“_Brinco que **a poesia me escolheu**, porque 13 anos não é uma idade em que as pessoas fazem escolhas muito objetivas ou conscientes. Eu estava passando por dias complicados e **precisava me expressar** de alguma forma. Foi quando comecei a escrever, como se estivesse preenchendo um diário_”, detalha. Anos mais tarde, os textos escritos ao longo de 12 anos foram compilados em seu primeiro livro, _**Até onde vai a rima**_, lançado em 2019.

No entanto, Fernanda não se vê deixando de lado a profissão de advogada. “_Acho que o Direito, a advocacia e a argumentação são muito **similares** à poesia no sentido de que você está **tentando convencer** o seu leitor de um ponto de vista. Você está sempre mostrando como você pensa e tentando fazer aquele ponto prevalecer_”, defende.

**Mercado literário**

“_É complicado falar sobre o mercado literário porque esta é uma geração mais **imediatista**, que não lê mais_”, define a escritora. Para ela, o futuro da literatura é incerto, porém, ao mesmo tempo, a poesia consegue quebrar barreiras justamente por não ser um livro de ficção, por exemplo, e possibilitar a leitura em “_**doses homeopáticas**_”.

Segundo ela, o **tamanho mais curto** dos textos também pode ser visto como um incentivo à leitura para pessoas que talvez não tenham tanta vontade ou paciência para iniciar um livro maior. Outro destaque de Fernanda vai para a **dinamicidade** dos poemas. “_Essa sensação de poder abrir o livro, quase que como em um jogo, e ver em qual texto vai cair, é incrível_”, afirma.

Fernanda ainda observa um fenômeno que sai das folhas de papel e chega às páginas virtuais das redes sociais. “_Acredito que o momento atual da poesia foi muito influenciado pelo Instagram, por ‘**poemas-fotos**’, que são aqueles que conseguimos colocar em formato de post ou de stories, mais curtos_”, aponta.

>“_Vejo essa tendência de ‘**poemas-frases**’, um movimento frasista da poesia, e uma poesia que seja mais interessante recitada. Os poemas são feitos com mais **brincadeiras de palavras** do que com rimas propriamente, mais para ser falado, **versejado**, do que escrito_”, destaca.

Em seu perfil no [Instagram](https://www.instagram.com/p/Chcziy_OE1p/), ela compartilha algumas poesias de autoria própria em forma de imagem, texto e também recitados.

Aqui no nosso site, Fernanda também publicará quinzenalmente seus textos. Para a estreia em nosso portal, ela escreveu _A tua casca me descasca_, confira clicando [aqui](https://gpslifetime.com.br/materia/a-tua-casca-me-descasca) e fique ligado nos próximos dias!

**Lançamento do livro**

O segundo livro de Fernanda Gonzaga, intitulado _**Antes de ler, amor**_, será lançado no dia 9 de novembro em Brasília e 24 de novembro em Balneário Camboriú. “_Diferente do primeiro, este livro é **mais objetivo** e eu quis trazer um tema específico em que brinco muito com a palavra ‘amor’_”, conta.

Outra novidade sobre a obra é que o livro foi produzido de maneira totalmente **independente** por Fernanda, que participou de todas as etapas desde a criação e edição até a publicação. “_Representa um momento mais **maduro** meu e da minha poesia_”, revela.

**Planos futuros**

Ainda sem data concreta para os próximos projetos, a poetisa compartilhou com o **GPS** desejos que pretende realizar no futuro. “_Quero que meu terceiro livro seja escrito em **inglês**_”, entrega Fernanda, que por ter muitos amigos estrangeiros, frustra-se ao saber que eles não conseguem ler seus textos. “_Será um **desafio pessoal** para eu realmente ter uma sensação de como será a receptividade internacional para a forma que eu escrevo._”

Outro projeto é um livro com **365 poemas** para serem lidos ao longo do ano **diariamente** como uma forma de **oração**. “_Tenho uma relação muito forte com Deus, gostaria de **honrar e agradecer** a ele porque a escrita é um **dom** que ele me deu. Então, seria uma forma de falar sobre ele por meio de um presente que ele me deu em um momento difícil da minha vida_”, confessa.

**Indicações**

Por fim, Fernanda Gonzaga indica dez autores, entre os mais clássicos e os contemporâneos, que merecem ser exaltados no Dia do Poeta:

**Clássicos**:
– Manoel de Barros
– Fernando Pessoa
– João Cabral de Melo Neto
– Paulo Leminski
– Wislawa Szymborska

**Atuais**:
– Rupi Kaur
– Ana Martins Marques
– Fabricio Carpinejar
– Simone Brantes
– Nicolas Behr