Erguido há mais de dois mil anos na ilha de Faros, no Egito, o Farol de Alexandria permanece como um dos maiores símbolos da engenhosidade humana. Considerado uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo e a única ainda existente, sua colossal estrutura era usada para guiar embarcações no Mediterrâneo com uma luz visível a mais de 50 quilômetros de distância.
Construído entre 280 e 247 a.C., durante o reinado dos primeiros Ptolemeus, o farol alcançava até 137 metros de altura, rivalizando com a Grande Pirâmide de Gizé em imponência. Projetado pelo arquiteto grego Sóstrato de Cnido, se tornou não apenas um marco da navegação, mas também um emblema de poder e prosperidade do reino ptolemaico.
A glória, no entanto, foi abalada por sucessivos terremotos entre os séculos X e XIV, que destruíram a estrutura por completo. Seus blocos chegaram a ser reaproveitados na construção da Cidadela de Qaitbay, erguida no mesmo local no século XV.
Durante séculos, se pensava que o farol havia desaparecido para sempre, até que mergulhadores e arqueólogos subaquáticos iniciaram escavações na Baía Oriental de Alexandria. A partir dos anos 1990, descobertas lideradas por equipes internacionais revelaram centenas de blocos colossais, esfinges e fragmentos arquitetônicos do monumento, muitos deles preservados sob as águas.
Mais recentemente, avanços tecnológicos permitiram a recuperação de 22 blocos monumentais, alguns com até 80 toneladas. Esse material se soma a centenas de peças já digitalizadas pelo Centro de Estudos Alexandrinos, ampliando o conhecimento sobre a dimensão e a sofisticação da obra.
Embora ideias de reconstruir o farol tenham sido discutidas em diferentes momentos, especialistas alertam para os desafios técnicos, financeiros e éticos que o projeto enfrentaria. Hoje, o foco recai sobre a preservação dos vestígios submersos, com propostas que incluem a criação de museus subaquáticos e exposições para aproximar o público desse patrimônio.