Fala de Lula sobre pessoas com deficiência respinga e adia votações na CLDF

A discussão sobre uma moção de repúdio à fala do presidente Lula sobre pessoas com deficiência dominou os debates no plenário da Câmara Legislativa nesta terça-feira (2). Sem acordo para a votação da matéria, deputados do PT, PSOL e PSB entraram em obstrução, e não houve quórum suficiente para dar prosseguimento às deliberações.

 

Os distritais chegaram a aprovar uma série de moções de louvor esta tarde e, em seguida, vários deputados – da base e da oposição – pediram a retirada de pauta das notas de repúdio, incluindo a que trata do presidente da República e a que diz respeito ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP)

 

O deputado Iolando (MDB), autor da moção de repúdio à fala de Lula, não concordou, no entanto, com a retirada, e insistiu para que o texto fosse votado ainda hoje, o que gerou um longo debate e culminou na obstrução da pauta.

 

A proposta do emedebista diz respeito a uma declaração feita pelo presidente na semana passada, quando ele disse que pessoas com transtornos mentais têm “desequilíbrio de parafuso”. O presidente depois foi às redes sociais se desculpar. 

 

Foi uma fala extremamente repugnante, que entristeceu diversas famílias, e eu, como pessoa com deficiência, me senti ofendido”, afirmou Iolando. Em seu discurso, ele frisou que a declaração de Lula “faltou com respeito para com 24% da população do Brasil”.

 

Foi um ato pensado. Ele precisa receber o repúdio”, defendeu Pastor Daniel de Castro (PP), autor de outra moção de repúdio direcionada ao presidente. A deputada Paula Belmonte (Cidadania) acompanhou os colegas: “Estamos falando de um presidente da República em seu terceiro mandato. O comentário atinge a autoestima das pessoas, ridicularizou aquelas com deficiência. Precisamos ter comportamento firme”.

 

É um consenso de que a fala do presidente foi um equívoco. Mas ele soube reconhecer o erro”, argumentou o líder da Minoria na Casa, Gabriel Magno (PT). O distrital aproveitou para ler o pedido de desculpas do chefe da nação, em que ele se retrata e diz seguir “aprendendo e buscando evoluir”. 

 

O deputado Hermeto (MDB) observou que ele próprio passou por situação em que se referiu de forma preconceituosa a outras pessoas e depois se arrependeu. “O presidente tem direito de se arrepender, assim como eu me arrependi”, disse.

 

O deputado Fábio Felix (PSOL) também lamentou a declaração de Lula, porém elogiou a retratação: “Foi um erro, mas ele se retratou”. O parlamentar criticou a polarização da discussão e defendeu demonstrar apoio à causa por meio da estruturação da Secretaria da Pessoa com Deficiência do DF: “Ela funciona sem estrutura adequada, com poucos servidores. Se queremos lutar, vamos fazer com que a secretaria, de fato, funcione”.

 

Chico Vigilante (PT), por sua vez, avaliou que a discussão “não é contra a fala do presidente, é contra o Lula”. E emendou: “Duvido que exista um partido que tenha defendido mais as pessoas com deficiência do que o PT”.

 

Sinceramente, me abstenho desse debate de quem gosta do presidente e quem não gosta. Temos debates mais propositivos a fazer”, apontou Doutora Jane (Agir). O líder do Governo na CLDF, deputado Robério Negreiros (PSD), reconheceu a importância dos debates em plenário, mas insistiu nas votações: “As discussões não estão tendo fim. Há projetos do mês da mulher que ainda não foram apreciados”.

 

O presidente da Casa, deputado Wellington Luiz (MDB), concordou ser preciso “estabelecer uma dinâmica de votação dos projetos tanto dos deputados como do Executivo”, e asseverou que a moção de repúdio à fala de Lula voltará a ser colocada em votação.

 

Por Denise Caputo, da Agência Câmara Legislativa

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