Políticas de identidade, migração e deslocamento, expressados em forma de fragmentos visuais como retratos de plantas ou imagens históricas e contemporâneas, são as referências usadas nas quase 40 pinturas criadas pelo artista italiano Lucio Salvatore. Com o nome “Defeito de Identidade”, o trabalho Salvatore chega a Brasília com suas obras pela primeira vez, em exposição na Galeria Karla Osorio e com apoio da Embaixada da Itália no Brasil.
A curadoria é do francês Marc Pottier e as pinturas são quase todas inéditas, fruto de dois anos de trabalho do artista. A exposição vai até o dia 23 de abril e funciona de segunda a sexta, das 9h às 18h30, e aos sábados, das 9h às14h30. A entrada é gratuita, mediante agendamento prévio.
Nestas obras, Salvatore confronta as forças que moldam as percepções de pertencimento e exclusão. Elas são construídas como constelações, reunidas em composições densas e em camadas que funcionam tanto como declarações políticas quanto como formas estéticas de resistência.
O Embaixador da Itália, Alessandro Cortese, destacou a importância desta exposição no contexto das relações culturais entre a Itália e o Brasil.
Os dois países possuem conexões culturais extremamente sólidas e históricas. Muitos dos maiores artistas brasileiros têm ascendência italiana: Portinari, Volpi, Malfatti, Ceschiatti, Di Cavalcanti, só para citar alguns dos mais famosos. Ao mesmo tempo, há muitos artistas italianos contemporâneos, como Lucio Salvatore, que veem o Brasil como um país aberto à arte e à inovação cultural, assim como inúmeros artistas brasileiros enxergam a Itália da mesma forma. Não podemos esquecer que, em 2024, a curadoria da própria Bienal de Veneza foi confiada ao curador brasileiro Antônio Pedrosa. Essas relações históricas precisam ser cultivadas continuamente e é fundamental dar espaço aos artistas mais jovens, um dos quais é Lucio Salvatore – que possuem um enorme talento e muito a expressar artisticamente, além de um forte desejo de crescer internacionalmente”, afirmou.
Segundo Salvatore, apresentar a série pela primeira vez em Brasília, tem relevância simbólica importante, pois é “um lugar aonde poder, identidade e a luta por reconhecimento vivem muitas das complexidades e contradições do que significa pertencer”.
É em Brasília que politicamente a identidade do Brasil é debatida e contestada. Aqui, questões sobre quem pertence e quem é excluído, o que é considerado ‘natural’ e o que é considerado ‘estrangeiro’ estão no centro das batalhas legislativas. É aqui que os direitos indígenas são negociados, as políticas ecológicas são definidas e a narrativa da nação é continuamente reescrita. Brasília reflete também as tensões presentes em minhas pinturas, o atrito entre ideologia e experiência vivida, entre teoria e compromisso com a realidade, entre utopia e o teste implacável do tempo. É uma cidade construída por trabalhadores de todo o país e por isso sua identidade cultural fragmentada é moldada a partir da migração”, afirma o Salvatore.
O artista tem obras em diversas coleções públicas como Museu de Arte Moderna MAM Rio de Janeiro, Museu de Arte Contemporânea MAC Niterói, Museu Nacional de Belas Artes, MNBA Rio de Janeiro.
Serviço
Em cartaz até 23 de abril de 2025
Visitação: segunda a sexta 9h-18h30, sábados 9h-14h30
A entrada é gratuita, mediante agendamento prévio por telefone ou WhatsApp.
Contatos: artista Lucio Salvatore +393351421292 / curador Marc Pottier +55(21)99669-8669
Por Andreia Salles