Pela segunda vez na história, o último carro que foi de Juscelino Kubitschek vai ser reformado pelo 16° Batalhão Logístico do Exército. O Ford Galaxie 500 foi retirado, na manhã desta segunda-feira (14), do aquário que ocupa, no estacionamento que fica na parte de trás do Memorial JK. O veículo, fabricado em 1974, era usado pelo ex-presidente nas viagens para e a partir da Fazendinha, em Luziânia (GO).
Quem entregou as chaves do carro ao subtenente Olavo Mesquita, adjunto de comando no 16° Batalhão Logístico, foi o vice-presidente do museu, o empresário Paulo Octávio. “A recuperação do Galaxie é um gesto simbólico. É um reconhecimento ao fundador da capital, a Brasília e à indústria automobilística brasileira, iniciada em 1960, na época do presidente JK. A ação é de um grande simbolismo e fica o reconhecimento do Memorial ao trabalho do Exército Brasileiro para resgatar e deixar um importante legado para Brasília, que é o carro totalmente recuperado, mesmo tendo sido fabricado há quase 50 anos”, destaca.
“Este é um veículo visto por muitos estudantes de escolas públicas, que vêm ao Memorial todos os dias, e por visitantes que passam por aqui e têm a oportunidade de ver um carro fabricado em 1974 em condições de uso excepcionais”, explica. “Ao término desta segunda recuperação, vamos fazer uma carreata com veículos antigos de Brasília, abrilhantando a volta do Galaxie ao Memorial JK e a história da capital”, completa.
Segundo o subtenente Olavo Mesquita, que representou o tenente-coronel Tibério Ferreira Figueiredo, comandante do 16° Batalhão Logístico, na entrega das chaves, a nova recuperação vai focar na pintura da carroceria, nas revisões das partes mecânica e elétrica e nos reparos de tapeçaria, pois o veículo, mesmo no aquário, é constantemente exposto ao Sol. A devolução do Galaxie ao espaço deve ocorrer na segunda quinzena de setembro. “O Exército vai entrar com a mão de obra e as peças virão de colecionadores individuais e de associações de apaixonados por carros, como o Galaxie Club”, explica.
A primeira restauração do Galaxie feita pelo 16° Batalhão Logístico do Exército ocorreu em 2010. À época, a reforma do carro foi mais ampla e demorou três meses, com o veículo retornando ao espaço de exibição em 12 de setembro daquele ano, data que marcou o 108° aniversário de nascimento de JK. O veículo teve todas as peças restauradas, pois estava com motor, chassi e carroceria bastante danificados.
Descanso do banco traseiro no porta-malas
O carro de JK tem ar-condicionado de fábrica, o que era raro na década de 1970, e é equipado com um motor V8 de 4.800 cilindradas. O Galaxie começou a ser fabricado pela Ford no Brasil em 1967, e logo ganhou destaque por conta do uso de detalhes cromados e pelo luxo e conforto. O modelo deixou de ser fabricado pela montadora em 1983.
Em suas viagens no veículo, o fundador de Brasília deixava o volante para os primos Carlos Murilo e Ildeu de Oliveira e preferia descansar no banco traseiro, com o auxílio de um travesseiro. Por conta disso, na restauração de 2010, os militares encontraram o descanso de braço do banco traseiro no porta-malas. A retirada do acessório servia para dar mais espaço a JK durante os trajetos.
O último deles foi em 1976, em direção ao Aeroporto de Brasília, que leva seu nome. De lá ele pegou um voo para o Rio de Janeiro. Dias depois, em 22 de agosto, JK faleceu em um acidente na Rodovia Presidente Dutra, no município fluminense de Resende. Após sua morte, dona Sarah Kubitschek manteve o Galaxie por alguns anos, mas o negociou quando vendeu a Fazendinha. O veículo retornou à família, após integrantes da maçonaria o localizarem. Depois da primeira restauração, o Galaxie foi doado ao Memorial JK, em 1981.