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Exercícios podem ser aliados no combate ao ataque de pânico

Especialista explica o que acontece, quais são os sintomas e como tratar as crises

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Muito se fala sobre ansiedade nos últimos tempos. É uma das doenças do século. Com a rapidez e quantidade das informações rotineiras, pode haver, em níveis extremos, ataques de pânico. Para tentar extravasar os sentimentos, muitas pessoas têm buscado a atividade física como solução. Por isso, o GPS entrevistou o psicólogo Rodolfo Castro, clínico e hospitalar, neuropsicológico e especialista em dor crônica.

 

Segundo o especialista, as causas da crise de pânico são diversas e complementares. Pode ser desde predisposição genética até questões relacionadas ao ambiente, como estresse e traumas. “O ponto central da crise do pânico é que se trata de um dos transtornos de ansiedade. Assim sendo, a ansiedade é o fator que leva ao pânico. Vale ainda destacar que um transtorno que implica em uma interrupção na forma como a pessoa sente e percebe o mundo. No caso do pânico, há um estado de hiper-vigilância e, fatores que seriam inofensivos, tornam-se ameaçadores”, explica Rodolfo. 

 

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Foto: Freepik

 

O especialista conta que o diagnóstico do pânico é clínico e caracterizado por crises recorrentes e abruptas que podem surgir de um estado calmo ou de ansiedade moderada, o que indica a imprevisibilidade do ataque. “Os sintomas em geral são: palpitação, sudorese, tremores, sensação de sufocamento, dor ou desconforto torácico, o que leva muitos pacientes para o pronto atendimento médico, desconforto abdominal, muitas vezes sendo percebido como enjôo, tontura e calafrios, dormência em partes do corpo e o mais importante, medo de morrer”.

 

“Existem casos ainda em que alguns pacientes apresentam: medo de perder o controle ou enlouquecer e a sensação de irrealidade, isto é, quando as coisas em volta não parecem reais e despersonalização, que é a sensação de estar fora de si”.

 

O tratamento indicado em casos assim pode ser feito de muitas maneiras. Associar psicoterapia com medicação é uma das alternativas mais escolhidas. Já a atividade física e meditação, por exemplo, vai depender da segurança do paciente para realizá-las, de acordo com o psicólogo. 

 

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Foto: Unsplash

 

Porém é preciso atenção. “O paciente com pânico fica em estado de alerta para as mínimas alterações corporais. Uma dor ou uma fisgada, por exemplo, que passariam despercebidas, para um paciente com pânico é um sinal de alerta. O processo psicoterapêutico, dentre diversos fatores, visa equalizar essa percepção extremada”.

 

Por fim, para entender se a atividade física é positiva ou negativa para uma pessoa diagnosticada com pânico, Castro explica que normalmente uma crise causa alterações que promovem taquicardia e elevação moderada da pressão arterial. “É algo que também ocorre durante a atividade física. Muitos pacientes associam negativamente os efeitos da atividade física com os sintomas de pânico e optam por não aderir a nenhuma atividade aeróbica. Por outro lado, a atividade física tem efeitos comprovados no manejo da ansiedade”.

 

Por isso, o trabalho da psicoterapia é auxiliar no processo de dessensibilização, em que os sintomas físicos da atividade física deixam de ser percebidos como sintomas de pânico. É um processo difícil e requer atuação conjunta do psicólogo e do educador físico. Implica ainda em estratégia, para perceber o melhor momento e atividade.

 

Auxiliar o paciente com pânico a retomar com suas atividades físicas é uma das metas. Afinal, exercitar-se é fundamental para o manejo da ansiedade.