O ex-estrategista da Casa Branca e influente figura do movimento MAGA (Make America Great Again), Steve Bannon, afirmou que o governo de Donald Trump pode rever a taxação de 50% sobre produtos brasileiros, caso os processos judiciais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sejam encerrados. A declaração foi feita em entrevista publicada nesta quinta-feira (10).
“Derrubem o caso, derrubamos as tarifas”, disse Bannon ao ser questionado sobre a possibilidade de negociação entre os dois países.
As tarifas foram anunciadas oficialmente pela Casa Branca e devem entrar em vigor em 1º de agosto.
O governo brasileiro, por sua vez, já descartou qualquer concessão nesse sentido. Em nota divulgada na noite de quarta-feira (9), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que os processos envolvendo a tentativa de golpe de Estado são de competência da Justiça brasileira e não estão sujeitos a pressões externas. “Não há espaço para ingerência ou ameaças que violem a independência das instituições nacionais”, disse.
Sanções contra Moraes e críticas ao STF
Bannon também mencionou a possibilidade de novas ações do governo Trump contra autoridades brasileiras, incluindo sanções financeiras contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O magistrado é relator de investigações que envolvem Bolsonaro e aliados. Até o momento, nenhuma medida desse tipo foi oficializada.
Em sua carta sobre as tarifas, Trump citou o que chamou de “caça às bruxas” contra Bolsonaro, além de criticar decisões do STF que, segundo ele, atingiriam usuários americanos em redes sociais. O texto também mencionou supostas ordens sigilosas para retirada de conteúdos online, o que seria, segundo Trump, uma violação à liberdade de expressão.
O episódio remete a uma ação judicial movida por duas empresas norte-americanas, a Trump Media and Technology Group, responsável pela rede Truth Social, e a plataforma Rumble, contra Moraes, nos Estados Unidos. Elas alegam que o ministro extrapolou sua jurisdição ao enviar decisões judiciais diretamente a funcionários nos EUA. O STF nega que tenha ultrapassado os limites legais.
Musk é descartado por Bannon como articulador
Apesar de especulações sobre possível envolvimento de Elon Musk nas medidas contra o Brasil, Bannon rejeita qualquer participação do empresário. Segundo ele, Musk não teve papel nas negociações que levaram à decisão da Casa Branca. “Nunca o vi mencionar o Brasil”, afirmou.
Bannon também minimizou a relação de Musk com o ex-presidente Trump, afirmando que o bilionário não faz mais parte do círculo próximo do republicano. “Ele só pensa em dinheiro. Nunca fez nada pelos Bolsonaros”, declarou.
A relação entre Musk e o Brasil ganhou destaque durante o governo Bolsonaro, quando o empresário esteve no País para tratar de projetos da Starlink na Amazônia. No entanto, Bannon negou qualquer ligação política entre Musk e os aliados do ex-presidente. “Foi o movimento MAGA, junto com Trump, que apoiou os Bolsonaros”, disse.
Atuação de aliados de Bolsonaro nos EUA
Bannon atribuiu a articulação política junto ao governo Trump ao deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro e ao comentarista Paulo Figueiredo.
Segundo ele, os dois atuaram junto a parlamentares e integrantes do Executivo americano para apresentar a versão de que o Judiciário brasileiro estaria sendo usado para perseguir adversários políticos.
O ex-estrategista disse que também conversou diretamente com Trump e com o senador Marco Rubio sobre o assunto. Ele afirmou que o movimento vê em Bolsonaro uma figura semelhante à de Trump, o que justificaria o apoio.