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“Esta guerra nunca vai ter fim”, diz brasileira que viveu dias de inferno na região do conflito

Moradora da Jordânia revelou ao GPS|Brasília como foram os últimos dias vivendo em meio a escalada entre Irã e Israel

Enquanto Irã anuncia o possível fim do conflito com Israel, a vida nas fronteiras do conflito segue marcada por tensão e incertezas. Andrea Cruz e Carvalho, brasileira residente na Jordânia há três anos, compartilhou com o GPS|Brasília um relato contundente sobre o impacto direto da recente escalada entre Irã e Israel na rotina de civis. Segundo ela, o céu está calmo e última sirene só foi tocada às 7 horas da manhã desta terça-feira (24), porém, a sensação de paz está longe de ser alcançada.

“Eu já passei por isso outras duas vezes, em abril e outubro de 2024. Realmente parece que isso nunca acaba de verdade. Estamos sempre vivendo em uma região tensa e de conflito. Eu não acho que isso tenha um fim. Infelizmente, é triste falar isso, mas é meu sentimento”, desabafou Andrea.

Ela mora em Amã com a família desde que o marido foi acionado para cumprir uma missão na Embaixada do Brasil em Amã. Andrea conta que os alertas de ataque nunca foram incomuns. “Aqui escutamos sirenes que são acionadas quando mísseis balísticos entram em território jordaniano. A indicação é para todos ficarem em casa até segunda ordem.”

A comunidade brasileira na capital jordaniana é pequena, mas está atenta. Andrea descreve o comportamento padrão: esperar. “Muitos desses mísseis são abatidos antes de atingirem o alvo do outro lado. E assim tem sido.”

O novo episódio de tensão começou no dia 13 de junho, quando Israel lançou um ataque surpresa contra alvos militares iranianos, alegando que Teerã estaria próximo de desenvolver uma arma nuclear. Em resposta, o Irã lançou sucessivas ondas de mísseis contra o território israelense. Em meio à escalada, os Estados Unidos bombardearam três usinas nucleares iranianas, acirrando ainda mais o conflito. Tudo isso, acontecendo praticamente no quintal de casa da Andrea.

"Essa guerra nunca vai ter fim", diz brasileira que viveu dias de inferno na região do conflito

Foto: Arquivo pessoal

O fio de esperança de dias melhores vieram após Donald Trump anunciar um acordo de cessar-fogo, que não havia resistiu às primeiras horas. Porém, Irã confirmou o fim do conflito na tarde desta terça. Sobre a intervenção de Trump, Andrea não consegue ver apenas com bons olhos.

“Trump foi sarcasticamente amável com o Irã só para não se meter mais fundo nesse atoleiro”, mencionou Andrea com indignação se referindo a forma como Trump tratou o ataque anterior do Irã a uma base americana no Qatar. “Ele preferiu agradecer ao país por avisá-lo com antecedência, ao invés de reagir militarmente”.

Para Andrea, as atitudes de Trump não são apenas estratégias políticas, mas também uma perigosa banalização do conflito. Ela interpreta que, com esse acordo, o líder americano tentou preservar a honra dos dois lados com ataques quase teatrais, para que cada país pudesse dizer que revidou, sem mergulhar de vez na guerra total.

“Parece que o mundo é um navio dos insensatos à deriva, à mercê da honra ferida, de represálias simbólicas ou sangrentas, e de quem tem armas atômicas e quem quer destruir.”

"Essa guerra nunca vai ter fim", diz brasileira que viveu dias de inferno na região do conflito

Foto: Arquivo pessoal

Andrea encerra sua fala com uma reflexão nada otimista sobre os rumos do século 21.

“O povo de Gaza está sendo fuzilado na fila por comida, enquanto os líderes brincam de honra e poder. No filme O Advogado do Diabo, o demônio diz: ‘quem pode negar que o século 20 foi todo meu?’ Pois eu espero, do fundo do meu coração, que o século 21 também não seja todo dele.”

De acordo com a Fundação Humanitária de Gaza (GHF), o número de palestinos famintos assassinados tentando buscar ajuda nos pontos de distribuição de alimentos controlados por Israel chegou a 516 pessoas nesta terça-feira (24), desde que o número começaram a ser divulgados, há cerca de um mês.

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