Minas Gerais, berço de uma riqueza cultural única, é um estado onde a diversidade se reflete em cada canto, seja na arte, na música ou, claro, na moda. É nesse contexto que nasce Raquel Jones, uma empresária e jornalista mineira que, com seu estilo maximalista e cheio de personalidade, se destaca nas redes sociais. Para ela, a moda vai muito além das tendências: é uma forma genuína de expressão e uma maneira de afirmar a autenticidade de cada um.
Sua relação com a moda é íntima e vem de longe, desde a infância, quando sua avó criava vestidos personalizados que ainda fazem parte de seu repertório afetivo. Natural de Belo Horizonte, Raquel começou na moda cedo, aos 18 anos, na marca Farm, onde foi apresentada ao estilo carioca. “Isso foi uma grande novidade para mim, porque me trouxe um ar mais descolado e colorido que carrego comigo até hoje. Eu gosto de usar coisas mais oversize”, comenta Raquel, enquanto relembra os tempos em que se encantou com os Birkenstocks e os Allstars, peças que hoje fazem parte de seu repertório pessoal.
Seguindo no caminho da moda, Jones se formou em jornalismo e logo começou a atuar na cobertura de eventos de moda e inclusive, foi uma das primeiras repórter do GPS|Brasília. “Sempre optei por escrever sobre moda e arte”, revela, destacando sua vivência em Fashion Weeks e entrevistas com ícones da arte e da moda, como o artista plástico Galeno.
Sua busca por entender as tendências e o universo fashionista se transformou em um desejo de empreender, e em 2016, ela abriu sua primeira loja, que refletia uma paixão pelo balé e a dança, áreas que sempre fizeram parte de sua vida. “Uni esse desejo de ter o meu negócio próprio com uma loja de balé, porque o balé sempre fez parte da minha vida”, explica.
Ao longo dos anos, sua loja passou por diversas transformações. “Eu comecei com balé e fitness, depois fui para a moda praia e trouxe várias marcas, como Adriana Degreas”, conta. Hoje, a curadoria de Raquel é um reflexo de sua personalidade: “Tudo que está ali na loja é o que eu amo, o que eu usaria”. Para ela, o importante é oferecer aos seus clientes peças que carreguem significado e que sejam únicas, tal como ela sempre preferiu usar em sua própria vida.
A moda, para Raquel, é mais do que se vestir; é um ato de comunicação. “A roupa te leva para os lugares, ela te motiva”, afirma, citando uma frase da escritora Clarice Lispector: “Todo dia ela deixa os sonhos na cama e coloca sua roupa de viver”. Ela explica que, muitas vezes, suas escolhas de roupa são intuitivas e respondem ao seu estado de espírito. “Se eu estou precisando de energia, eu uso onça. Se estou feliz, uso vermelho”, revela Raquel, demonstrando como a moda se entrelaça com suas emoções e com a energia que deseja transmitir ao mundo.
O feito à mão é um dos aspectos mais importantes de sua curadoria. Raquel valoriza a história e a sustentabilidade que as peças feitas à mão carregam. “Valorizo o feito à mão, principalmente pela questão da sustentabilidade, da história que aquilo carrega”, diz, destacando um casaco exclusivo que comprou em Portobello Road, um mercado de antiguidade e moda em Londres, como exemplo de sua paixão por peças que contam uma história única. Para ela, o que importa é a exclusividade e a qualidade da peça, mais do que seguir tendências passageiras.
DNA de estilo e inspirações
Com um estilo vintage e maximalista, Raquel Jones mistura influências de décadas passadas com a sua busca por peças que carreguem história e significado. “Meu estilo tem uma pegada dos anos 70, essa época da liberdade, dos acessórios marcantes. Eu tenho uma alma meio hippie, muito influenciada pela minha mãe, que adorava anéis, pulseiras e saias longas”, revela Raquel. Sua inspiração vem de uma mistura de momentos históricos, com uma forte conexão afetiva com as peças que marcaram sua vida. “Sempre gostei de usar coisas que têm uma história. Não gosto do que todo mundo usa, gosto de peças com significado”, compartilha a empresária.
Raquel lembra com carinho de sua infância, quando sua mãe usava peças que iam contra as tendências da época. “Minha mãe sempre teve um estilo único. Eu cresci vendo ela misturando coisas diferentes, sempre com um olhar próprio”. Essa visão da moda como um reflexo da personalidade se expandiu com o tempo, e o estilo de Raquel foi se refinando, absorvendo influências de grandes ícones da moda, mas sempre com um toque pessoal.
Além da família, Raquel se inspira em figuras que representam a liberdade e a ousadia da moda. Uma das maiores influências para ela é a modelo mineira Cássia Ávila, uma das primeiras brasileiras a fazer sucesso internacional. “A Ávila foi um marco para a moda brasileira. Ela levou a beleza brasileira para o mundo, e eu tenho muita admiração por ela, não só como profissional, mas como amiga”. A influenciadora Thaide Melo Bufrem também é uma referência. “Ela trouxe uma nova forma de falar de moda, com humor e profundidade. Acho ela uma mulher incrível”, comenta Raquel.
Mas o estilo de Raquel não se resume apenas a suas influências familiares e amigas. A busca por peças exclusivas e autênticas também faz parte da sua essência. “Vi um designer em Portobello Road, criando casacos vintage com recortes e aplicações feitas à mão. Aquilo me encantou”, diz Raquel. Um desses casacos, uma verdadeira obra de arte, agora é uma das peças-chave do seu guarda-roupa.
Raquel sempre valorizou o feito à mão, pois acredita no poder da sustentabilidade e na história que cada peça carrega. “Essas peças não são apenas roupas, são memórias. Elas representam algo maior, algo único”, afirma. Para ela, o ato de consumir moda não é mais apenas sobre seguir tendências, mas sobre escolher peças que tenham um valor pessoal e ambiental. “Depois da pandemia, as pessoas começaram a buscar mais conforto e qualidade, e menos a ditadura das tendências. O que importa agora é ser autêntico, e eu sou muito a favor de usar o que realmente significa algo para você”, opina.
O conceito de exclusividade é uma das marcas registradas de Raquel, que não segue tendências de forma rígida. “Eu não acredito mais nas tendências impostas pela indústria. A moda agora é feita de microtendências, impulsionadas pelas redes sociais, mas que são passageiras”, diz ela. Em vez disso, Raquel aposta em peças que se destacam pela sua originalidade e qualidade. “Eu prefiro usar algo que ninguém mais vai ter, como o anel exclusivo do Jack Vartanian que recebi de presente de bodas. É isso que faz a moda ser especial para mim”, afirma.
Jack Vartanian é apenas uma das muitas marcas e estilistas que Raquel admira. A sua relação com a moda brasileira é intensa, e ela se orgulha de apoiar marcas locais. “A moda brasileira é rica, criativa e única. Não deixa nada a desejar para o resto do mundo”, afirma. Entre as marcas que Raquel destaca estão Argalji, de André Lima e Von Traap, e a Pinga, uma loja criativa de São Paulo com filial no Rio de Janeiro que reúne diversos estilistas brasileiros. Raquel também adora as marcas nordestinas, como a Marina Bitu, e se encanta com a Shoes Barreto, uma marca local de sapatos que produz peças 100% feitas à mão e com couro brasileiro.
Para Raquel, a moda vai além da aparência: é uma forma de comunicar sua conexão com a história, com a arte e com o mundo ao seu redor. A inspiração vem de diversas fontes, mas sempre com um toque de autenticidade. “Eu sempre amei a arte e sempre enxerguei a moda como uma forma de expressão. Para mim, ela é a síntese de tudo que está acontecendo no mundo”, reflete.