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Esclerose múltipla: doença atinge mais mulheres e pode ser incapacitante

Formigamento, perda de sensibilidade e de força, tontura e fadiga são sintomas comuns da doença
Foto: Reprodução/Pexels

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Doença rara, que atinge cerca de 40 mil brasileiros, a esclerose múltipla (EM) é uma patologia neurológica e crônica, e ocorre quando as células de defesa do organismo atacam o próprio sistema nervoso central. Ela que atinge geralmente pessoas jovens, com idade entre 20 e 40 anos, sendo mais comum entre as mulheres e pessoas brancas. Os dados da Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (Abem). 

A neurologista, especialista em esclerose múltipla, Priscilla Proveti explica que a EM é uma doença autoimune desmelinizante que afeta o cérebro. “Nosso sistema imunológico, que deveria ter o papel de combater as bactérias, os vírus, por algum motivo começa a reconhecer a camada, uma parte do cérebro como anormal e começa a atacar essa parte do cérebro, causando aí uma inflamação. A gente fala que o neurônio é como se fosse um fio encapado, então na esclerose múltipla eu perco essa capa que envolve o fio e o fio começa a não funcionar adequadamente“, analisa. 

As causas da doença são desconhecidas, mas segundo a especialista, existem vários fatores de risco associados ao surgimento dela, por exemplo, a deficiência de vitamina D, exposição ao tabagismo na infância, a obesidade infantil. “Na infância e na adolescência, o estresse emocional pode ser um fator de risco”, comenta.

As mulheres têm pelo menos duas a três vezes mais probabilidade de desenvolver a doença, de acordo com a National Multiple Sclerosis Society. Isso porque, provavelmente, ela está relacionada a fatores hormonais e até fatores genéticos. “É uma doença de mulher jovem, mulher em idade reprodutiva. A base para isso não é tão bem esclarecida, mas a gente acredita que tenha componentes tanto genéticos, quanto componentes hormonais associados“, analisa Proveti. 

Sintomas e tratamento

Os sintomas são variáveis, a depender de onde ocorre a inflamação. Alterações sensitivas, como formigamento, perda de sensibilidade e dor podem ocorrer na face, nos braços e nas pernas. Sintomas motores, como perda de força, além de queixas de desequilíbrio, tontura e alterações urinárias, podem ser comuns.

Já os sintomas invisíveis, como a fadiga, são bem comuns. “A fadiga é um sintoma muito importante na esclerose múltipla e que acaba sendo bem incapacitante e às vezes é um sintoma invisível. É uma fadiga não associada a alguma atividade física, é um cansaço que não melhora”, ressalta. 

Incapacidade 

A esclerose múltipla tem duas formas clínicas principais de início dos sintomas, que seria a forma remitente recorrente e a forma primariamente progressiva. Na forma remitente recorrente, o paciente tem um sintoma neurológico que pode durar dias até meses, pode apresentar uma melhora completa desse sintoma, então a doença evolui em surtos. Na forma primariamente progressiva, a forma menos comum da doença, o paciente tem uma progressão de um sintoma neurológico que vai piorando ali progressivamente ao longo do tempo, às vezes ao longo de um ano.

Uma pesquisa do Centro de Inovação SESI Higiene Ocupacional revelou que 40% das pessoas com esclerose múltipla não estão trabalhando. Nos últimos quatro anos, foram concedidos mais de sete mil benefícios para pessoas com a doença no País, sendo 1.860 por invalidez – três em cada quatro delas se aposentaram antes dos 50 anos. 

O estudo também destaca que a média anual de afastamento do trabalho é de 128 dias e que, em 2020, o custo público estimado com aposentadorias e afastamentos relacionados à esclerose múltipla será de R$ 411 milhões.

Tratamento

Com o avanço da tecnologia, os tratamentos de alta eficácia iniciados precocemente têm proporcionado uma qualidade de vida maior para os pacientes, diminuindo a chance de evoluir com incapacidade. Por isso, a importância do diagnóstico correto.

Muitos médicos ainda desconhecem, então acabam não valorizando esse paciente quando ele chega, por exemplo, no pronto-socorro. E muitas vezes, o surto é associado ao estresse emocional“, diz a médica. A orientação é que qualquer sintoma neurológico, seja formigamento, perda de sensibilidade, fraqueza ou tontura, que dure mais do que um dia, seja avaliado e investigado de forma adequada. Esta sexta-feira, 30 de agosto, é o Dia Nacional de Conscientização sobre a Esclerose Múltipla.